Vencedor do Festival de Gramado é debatido no Cine Encontro Tatuagem, de Hilton Lacerda, foi o longa de ficção discutido na Sede do Festival ontem
A obra de ficção debatida na quarta-feira (02) no Cine Encontro na Sede do Festival foi Tatuagem, de Hilton Lacerda. O mediador, o jornalista Francisco Russo, abriu a conversa lembrando a trajetória de Lacerda como roteirista (Febre do rato, Capitães da areia) e apontando que o filme em questão marca sua estreia na direção de longas-metragens de ficção.
Tatuagem trata do romance entre um soldado do Exército e o líder de um grupo de artistas de palco no Recife do fim dos anos 1970. O diretor, também autor do roteiro, contou que a história é livremente inspirada em um grupo teatral real da época, o Vivencial Diversiones. Lacerda ressaltou ainda a importância da preparação do elenco, que conviveu por seis semanas antes do início das filmagens, a fim de construir a intimidade necessária para interpretarem esse coletivo de artistas. Ainda sobre essa questão, o diretor assistente Marcelo Caetano afirmou: “A gente pensava naquelas pessoas como uma trupe de teatro, e não como o elenco de um filme”, elucidou, sublinhando ainda que o clima das filmagens está impresso no resultado final.
Os membros do elenco presentes elogiaram o trabalho da preparadora de elenco, Amanda Gabriel, e comentaram a liberdade criativa que pautou o projeto. O ator Rodrigo Garcia, intérprete de Paulete, definiu a obra nestes termos: “Para mim é um filme que traz uma filosofia de vida de afeto e liberdade”.Hilton Lacerda elogiou o trabalho do diretor de fotografia, Ivo Lopes Araújo, e revelou que escreveu o filme já com o ator Irandhir Santos em mente para o papel de Clécio. O realizador salientou ainda o aspecto afetivo como fator preponderante da produção. “A afetividade estava nas relações entre os personagens, mas também na forma de filmar. É um olhar afetivo que a gente tem com relação ao cinema”, explicou.
O diretor rejeitou também a ideia de que, por falar da homossexualidade, o filme estaria abordando um tema delicado, ou ficaria circunscrito a essa questão. “Pasolini e Visconti, por exemplo, tratavam desses assuntos e ninguém nunca chamou os filmes deles de filmes gays”, lembrou Lacerda.
João Vieira Jr., produtor, falou sobre a importância da pré-produção para o desenvolvimento do universo criativo do filme e disse que a obra já tem data marcada para estrear: 15 de novembro deste ano.
Texto: Maria Caú
Fotos: Viviane Laprovita
Voltar