Uma livre adaptação de Hamlet no Cine Encontro O longa Hamlet, de Christiano Burlan, foi debatido ontem no CCJF
O filme é uma livre adaptação da famosa peça Hamlet, de William Shakespeare. A peça conta a história de um jovem, que, após o assassinato de seu pai por seu tio, atormenta-se por questionamentos existencialistas. O longa foi fotografado em preto e branco e tem por cenário a cidade de São Paulo.
Mota abriu o debate mencionando a interessante utilização de múltiplas camadas narrativas pelo diretor, já que o filme apresenta em seu bojo cenas de teatro filmado e encenações de rua em São Paulo, por exemplo. Mota colocou também que o princípio criativo do filme é um princípio de desprogramação.
Burlan agradeceu a presença da plateia e ressaltou a importância do debate entre diretores e espectadores para o cinema. O diretor contou que a realização do longa foi um processo coletivo, lembrando que o roteiro foi feito em parceria com o ator Henrique Zanoni. Além disso, revelou que seu intuito era fazer uma desconstrução da peça. Isso se nota em vários elementos, como figurino, cenário e alguns diálogos.
O diretor ressaltou também a importância do diálogo entre ator e diretor para a realização do filme, apontando que, para ele, é preciso dar liberdade à interpretação. Seu processo de filmagens envolve uma primeira tomada em que os atores têm total liberdade e, caso essa não seja satisfatória, uma segunda, esta sim com indicações do diretor.
Bernardet colocou também que Burlan passa poucas informações para os atores: esse desafio desenvolve um diálogo não verbal com o diretor e “dá um vigor à cena”, segundo ele.
A parceria criativa entre Burlan e Zanoni foi ressaltada pelo ator, já que este é o terceiro filme que fazem juntos. Zanoni disse também que uma das coisas que o motivaram a fazer o papel foi uma fala de Burlan: “Eu não quero que você faça o Hamlet. Quero achá-lo em você”.
O elenco se mostrou muito feliz com o longa, com cada um recordando cenas que gostaram de interpretar. Todos ressaltaram a importância do diálogo diretor-ator e do desafio proporcionado pela liberdade que tinham na atuação.
O debate se encerrou com a fala do ator Gustavo Canovas, que definiu Hamlet como um filme difícil para quem está acostumado apenas com o cinema comercial. Canovas disse ainda que a obra está aberta para diversas interpretações. “Cada vez que eu assisto ao filme, sinto algo diferente”.
Texto: Julia Asenjo
Fotos: Giulia Accorsi
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