Uma história de amor incomum Fala comigo, longa de estreia de Felipe Sholl que concorre ao Troféu Redentor e ao Prêmio Félix, foi debatido hoje no Cine Odeon
O debate que se seguiu à sessão foi mediado pelo jornalista Tino Monetti, que lembrou que o filme concorre não apenas ao Troféu Redentor deste ano, mas também ao Prêmio Félix, voltado para obras que tratem da temática LGBT. Indagado por Monetti com relação à origem do projeto, Sholl contou que escrevera o roteiro onze anos atrás, à época da conclusão de um curso na Escola Darcy Ribeiro, sem intenção inicial de dirigi-lo. Com o passar do tempo e ganhando experiência como realizador através de alguns curtas-metragens, ele percebeu que poderia assumir a função: “Eu acabei querendo virar diretor para dirigir esse roteiro”, confessou.
Roteiro, aliás, que foi intensamente elogiado tanto pela plateia quando pelos outros integrantes da mesa, entre eles o produtor Daniel Van Hoogstraten e as atrizes Karine Teles e Denise Fraga, que ressaltou as qualidades de Sholl como diretor de atores e a sensibilidade da sua narrativa. “As relações que ele estabelece nesse roteiro são muito sutis, e o cinema é a arte da sutileza”, ponderou Fraga. A intérprete de Ângela concordou, ao sublinhar “a quebra de paradigmas e a delizadeza com que ele olha para as relações que a princípio parecem tortas, mas são legítimas”. Acompanhada pelos filhos gêmeos, que não assistiram à sessão, mas prestigiaram o debate, Teles lembrou ainda que havia entrado em contato com a história muitos anos antes, quando ainda era jovem demais para o papel, e aplaudiu sua colega de elenco. “Denise, uma honra gigantesca trabalhar com você!”, exclamou ela. Os outros membros do elenco presentes falaram a seguir. Tom Karabachian, que dá vida ao protagonista, expressou seu orgulho por ter trabalhado com tantas pessoas que ele já admirava. Daniel Rangel e Manoela Dexheimer, ambos estreantes em longas, concordaram, elogiando também o trabalho do diretor e apontando o valor da trama. “É uma honra estar num filme que fala de amor numa época em que a gente vê tanto ódio e intolerância”, sintetizou Rangel.O diretor de arte Cedric Aveline falou sobre a importância da criatividade para driblar os obstáculos colocados pelo baixo orçamento e ressaltou a parceria com Léo Bittencourt, que assina a fotografia. Luísa Marques, responsável pela montagem, definiu o processo de edição como agradável, destacando a proximidade com o diretor como essencial nesse contexto.
Concluindo a conversa, Sholl listou suas influências como cineasta, citando John Cassavetes, cujo cinema segundo ele privilegiava o trabalho dos atores quando da construção das sequências. “Isso faz uma diferença enorme!”, apressou-se por completar Denise Fraga.Texto: Maria Caú
Fotos: Jonathan Menezes
Voltar