O cinema português
está presente no Festival do Rio 2018 em seis longas que passeiam entre a
ficção e o documentário. Dos diretores André Gil Mata, António Ferreira, João
Canijo, Sérgio Tréfaut, Susana Nobre e Teresa Villaverde, os filmes - inspirados
em fatos reais, em obras literárias e na cultura popular -, são um recorte relevante
da produção cinematográfica do país.
O longa “
Pedro e Inês, o Amor Não Descansa”, de
António Ferreira, é uma
adaptação do romance “A Trança de Inês”, da escritora portuguesa Rosa Lobato
Faria. O livro se passa em três tempos, três mundos e tem três destinos. Porém
apenas um único amor: Inês. No filme, o protagonista Pedro foi internado em um hospital psiquiátrico ao ser descoberto
viajando de carro com o cadáver de sua amada. Agora, ele recorda
simultaneamente as vidas de Pedro de Portugal, na Idade Média, que desenterrou
o corpo de sua Inês para poder casar-se com ela depois de morta; Pedro Bravo,
no presente; e Pedro Rey, em um futuro distópico. Fazem parte do elenco: Diogo
Amaral, Joana de Verona, Vera Kolodzig, Cristóvão Campos e Custódia Gallego.
Lançado no Festival de Berlim 2018, “
A Árvore” (Drvo), de
André Gil Mata, é uma
coprodução Portugal / Bósnia-Herzegovina. Em uma rotina silenciosa,
quebrada pelos sons de tiros e explosões que ecoam ao seu redor, um homem, acompanhado apenas de seu cão, dedica-se a coletar
água para consumo próprio e de seus vizinhos. Durante uma de
suas viagens rio acima, em meio a um forte sentimento de
solidão acentuado por longos planos sequência, ele avista
um menino, entre a neve e a escuridão, sob uma árvore na
margem. Esse encontro, registrado com fotografia de clima
onírico, leva o personagem a rever sua existência marcada
por duas guerras.
Em 1933, os jornais portugueses deram destaque a uma
história violenta que ficou conhecida como “a tragédia de Beja”. No episódio, um
camponês homem que havia sido preso meses antes por furto de cereais, invadiu armado
a casa de um grande proprietário alentejano e disparou sobre ele e seu filho,
matando-os imediatamente. Em pouco tempo estava em seu casebre cercado pela
guarda armada, onde apesar da resistência, acabou morto. A história, eternizada
pelo escritor Manuel da Fonseca em “Seara
de Vento”, chega às telas de cinema com o filme “Raiva”, de Sérgio
Tréfaut. Diretor dos premiados Viagem a Portugal (2011), Alentejo
(2014) e Treblinka (2016), ele apresenta estes acontecimentos que chocaram a
sociedade portuguesa.
Exibido no Festival de Roterdã 2018, “
Fátima”, de
João Canijo, acompanha um
grupo de 11 mulheres que parte de Vinhais, Trás-os-Montes, no extremo norte de
Portugal, em peregrinação. Ao longo de nove dias e 400 quilômetros, atravessam
meio país em esforço e sacrifício para cumprir as suas promessas. O cansaço e o
sofrimento extremos as levam a momentos de ruptura. Revelam-se então as suas
identidades e motivações mais profundas. Chegadas a Fátima, cada uma terá que
reencontrar o seu próprio caminho para a redenção.
No documentário “
O Termômetro de Galileu”, a diretora portuguesa
Teresa
Villaverde acompanhou o cineasta cult italiano Tonino De Bernardi e sua família
na região de Piemonte, na Itália, durante todo um verão. O resultado é um filme
sobre a transmissão entre gerações, sobre seu amor e o respeito que todos têm
uns pelos outros, pela vida, e pela arte.
O filme “
Tempo comum”, de
Susana Nobre, se passa em um apartamento em Lisboa.
Marta cuida da primeira filha, recém-nascida, enquanto convalesce do parto. As
duas são visitadas por familiares e amigos que, no espaço de intimidade da
casa, narram histórias sobre o casamento, o nascimento dos filhos, os primeiros
trabalhos, expectativas e projetos futuros. Durante a trama, assistimos ao
desenrolar do ciclo da vida narrado por diversas vozes, fragmentos que se
misturam com o momento único vivido por Marta. Ao longo das cenas, a vida
conjugal e as rotinas domésticas que se instalam serão o barômetro de sua
evolução interior. Parte da seleção Festival de Roterdã 2018.
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