Publicado em 24/10/2018

O cinema português está presente no Festival do Rio 2018 em seis longas que passeiam entre a ficção e o documentário. Dos diretores André Gil Mata, António Ferreira, João Canijo, Sérgio Tréfaut, Susana Nobre e Teresa Villaverde, os filmes - inspirados em fatos reais, em obras literárias e na cultura popular -, são um recorte relevante da produção cinematográfica do país.

O longa “Pedro e Inês, o Amor Não Descansa”, de António Ferreira, é uma adaptação do romance “A Trança de Inês”, da escritora portuguesa Rosa Lobato Faria. O livro se passa em três tempos, três mundos e tem três destinos. Porém apenas um único amor: Inês. No filme, o protagonista Pedro foi internado em um hospital psiquiátrico ao ser descoberto viajando de carro com o cadáver de sua amada. Agora, ele recorda simultaneamente as vidas de Pedro de Portugal, na Idade Média, que desenterrou o corpo de sua Inês para poder casar-se com ela depois de morta; Pedro Bravo, no presente; e Pedro Rey, em um futuro distópico. Fazem parte do elenco: Diogo Amaral, Joana de Verona, Vera Kolodzig, Cristóvão Campos e Custódia Gallego.

Lançado no Festival de Berlim 2018, “A Árvore” (Drvo), de André Gil Mata, é uma coprodução Portugal / Bósnia-Herzegovina. Em uma rotina silenciosa, quebrada pelos sons de tiros e explosões que ecoam ao seu redor, um homem, acompanhado apenas de seu cão, dedica-se a coletar água para consumo próprio e de seus vizinhos. Durante uma de suas viagens rio acima, em meio a um forte sentimento de solidão acentuado por longos planos sequência, ele avista um menino, entre a neve e a escuridão, sob uma árvore na margem. Esse encontro, registrado com fotografia de clima onírico, leva o personagem a rever sua existência marcada por duas guerras.


Em 1933, os jornais portugueses deram destaque a uma história violenta que ficou conhecida como “a tragédia de Beja”. No episódio, um camponês homem que havia sido preso meses antes por furto de cereais, invadiu armado a casa de um grande proprietário alentejano e disparou sobre ele e seu filho, matando-os imediatamente. Em pouco tempo estava em seu casebre cercado pela guarda armada, onde apesar da resistência, acabou morto. A história, eternizada pelo escritor Manuel da Fonseca em “Seara de Vento”, chega às telas de cinema com o filme “Raiva”, de Sérgio Tréfaut. Diretor dos premiados Viagem a Portugal (2011), Alentejo (2014) e Treblinka (2016), ele apresenta estes acontecimentos que chocaram a
sociedade portuguesa.


Exibido no Festival de Roterdã 2018, “Fátima”, de João Canijo, acompanha um grupo de 11 mulheres que parte de Vinhais, Trás-os-Montes, no extremo norte de Portugal, em peregrinação. Ao longo de nove dias e 400 quilômetros, atravessam meio país em esforço e sacrifício para cumprir as suas promessas. O cansaço e o sofrimento extremos as levam a momentos de ruptura. Revelam-se então as suas identidades e motivações mais profundas. Chegadas a Fátima, cada uma terá que reencontrar o seu próprio caminho para a redenção.

No documentário “O Termômetro de Galileu”, a diretora portuguesa Teresa Villaverde acompanhou o cineasta cult italiano Tonino De Bernardi e sua família na região de Piemonte, na Itália, durante todo um verão. O resultado é um filme sobre a transmissão entre gerações, sobre seu amor e o respeito que todos têm uns pelos outros, pela vida, e pela arte.

O filme “Tempo comum”, de Susana Nobre, se passa em um apartamento em Lisboa. Marta cuida da primeira filha, recém-nascida, enquanto convalesce do parto. As duas são visitadas por familiares e amigos que, no espaço de intimidade da casa, narram histórias sobre o casamento, o nascimento dos filhos, os primeiros trabalhos, expectativas e projetos futuros. Durante a trama, assistimos ao desenrolar do ciclo da vida narrado por diversas vozes, fragmentos que se misturam com o momento único vivido por Marta. Ao longo das cenas, a vida conjugal e as rotinas domésticas que se instalam serão o barômetro de sua evolução interior. Parte da seleção Festival de Roterdã 2018.




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