Um melodrama passado em Belém do Pará Órfãos do Eldorado, de Guilherme Coelho, é a primeira adaptação cinematográfica do escritor Milton Hatoum
Pedro Butcher, mediador da conversa, lembrou que esta é a primeira adaptação de Hatoum. Nesse ponto, o diretor, Guilherme Coelho, admitiu o desafio inerente à empreitada: “As pessoas sempre dizem que é difícil adaptar escritores com um estilo marcante porque o mais interessante dessas obras é a linguagem, mas eu percebi no romance uma imagética que eu queria levar para o cinema”, informou. Coelho lembrou ainda que a narrativa do livro se passa ao longo de setenta anos, período que teve que ser significativamente encurtado na adaptação: “Eu não queria fazer um épico”, explicou.
Sobre as filmagens, que ocorreram principalmente na cidade de Belém, falou o diretor de fotografia Adrian Teijido: “Eu descobri o norte, que é um lugar muito impactante e peculiar, extremamente rico”, declarou. A esse respeito comentou também o ator paraense Adriano Barroso, brincando: “Filmar naquela região é para os fortes, não é para os fracos”, afirmando ainda que o longa soube representar a cultura local sem recorrer excessivamente ao exotismo. “A verdadeira musa do filme era Belém”, completou o diretor.A produtora executiva Mariana Ferraz sublinhou a importância da intensa preparação de elenco, coordenada por Maria Silvia Siqueira Campos, enquanto a montadora Karen Harlen e o contrarregra Pedro Minas abordaram a relevância da escolha das locações para a recriação do universo do livro. “A literatura do Milton é muito cheia de cheiro e sabor”, expôs Harlen, explicando ainda que participou do projeto desde o início, o que para um montador é um cenário bastante atípico. O realizador elogiou o trabalho de Harlen, colocando que o roteiro continuou a ser escrito através do processo de edição, com a participação do produtor Daniel Dreifuss nessa reestruturação do filme, que passou por várias versões.
Coelho assim definiu sua intenção principal em Órfãos do Eldorado, que tem estreia marcada para 12 de novembro: “A gente queria filmar um melodrama com um certo estranhamento. Somos uma cultura que tem uma tradição de melodramas, acho que devemos abraçar isso”.
Texto: Maria Caú
Fotos: Carolina la Cerda
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