Publicado em 27/09/2014


O primeiro Cine Encontro deste sábado no Armazém da Utopia foi sobre Samba e jazz, documentário de Jefferson Mello que traça um paralelo entre os dois gêneros musicais, criando uma ponte entre Rio de Janeiro e Nova Orleans.

A conversa, mediada por Sérgio Motta, foi animada e de muitas trocas, contando com um público ainda emocionado por conta da exibição do filme. Motta começou o debate levantando os aspectos historiográfico e etnográfico da produção, que conduz o espectador através de uma busca e constrói várias camadas de narrativa.

“Esse filme sempre esteve na minha cabeça”, revelou o diretor. Jefferson explicou como sua experiência durante a realização do livro de fotografia Os caminhos do jazz foi o embrião da ideia de Samba e jazz. Falou ainda sobre sua vontade de mostrar os redutos do samba e do jazz de modo que o foco fosse a música e a necessidade de preservação dessas culturas, deixando as questões políticas apenas sutilmente indicadas.

Mestre Átila, importante figura na história da escola de samba Império Serrano e um dos personagens principais do documentário, sublinhou como foi importante para ele participar desse filme, uma vez que a obra ajuda a contar a história de sua comunidade, seu pai, seus tios e de todos os que fundaram a escola. “Esse projeto do Jefferson foi um grande feito. Foi bonita a história que ele contou, sobre as nossas origens”, disse.

A plateia trouxe contribuições cruciais para a discussão, como a fala emocionada de Elizabete, aluna da Escola de Música Villa Lobos. Ela falou sobre a essência da cultura negra e sobre como suas manifestações musicais fazem parte de um contexto muito mais complexo do que se pode imaginar superficialmente. Disse que, para a população das comunidades, essa ligação com o samba e os instrumentos de percussão vem do âmago, como uma obrigação, “uma coisa que você sabe que precisa continuar para se manter vivo. É o pulsar. A gente continua pulsando, é a cultura que nos alimenta e o que nos mantém vivos”.

Questionado sobre os caminhos que pretende trilhar com Samba e jazz e com toda a quantidade de material filmado, o realizador Jefferson Mello apontou como seus próximos passos uma série no Canal Brasil, além de uma produção que, partindo de seu livro, investigue a história dos personagens fotografados. Sérgio Motta concluiu a conversa de maneira enfática: “Vida longa ao filme, ele precisa ser visto”.


Texto: Juliana Shimada

Fotos: Luiza Andrade




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