Publicado em 09/10/2015

Na tarde de ontem (quinta-feira, 8 de outubro), ocorreu no Cine Odeon o debate sobre o longa-metragem Olmo e a gaivota. A mediadora, Mariana Lima, abriu a mesa relatando as coincidências entre o filme e sua vida pessoal. A atriz comentou que encenou a peça A gaivota, de Tchekhov, em seu período de gravidez, assim como era a intenção da protagonista do longa-metragem. Lima aproveitou e elogiou o espaço híbrido no qual a obra cinematográfica se enquadra, uma junção de ficção e documentário. Além disso, o campo de batalha da intimidade e o confronto entre público e privado também foram citados como temas-chave da narrativa.

Petra Costa, diretora do longa, revelou que o filme surgiu da sua vontade de retratar a mulher e seu cotidiano com um viés psíquico. Ela salientou a estrutura ficcional adotada pela obra, assim como o conteúdo documental, que foi, em boa parte, trazido pelo elenco. Sua vontade de representar o período da gestação sem clichês foi fundamental para a produção de Olmo e a gaivota. Costa assinalou que, na criação do argumento, procurou fazer um roteiro de situações sem engessamento para que o elenco tivesse como transpor para a tela a bagagem teatral que possuía, dando-lhes possibilidade de improvisação, numa estrutura aberta.

A montadora Marina Meliande revelou que começou a editar o filme ainda durante as gravações e que as filmagens ocorreram em vários momentos, perpassando um ano completo. Meliande comentou que a metalinguagem tão elogiada da obra não estava presente nos primeiros cortes, e que a sua principal preocupação era não chamar tanta atenção para esse ponto. Ela concluiu sinalizando o grau de interferência raro que lhe foi dado, já que ideias de cenas surgiam durante a montagem e eram produzidas.

Martha Kiss, atriz e colaboradora do argumento, sublinhou a importância da incorporação do cotidiano do elenco na narrativa, o que impulsionou uma entrega maior por parte dos atores. Por conta disso, o filme pôde contar com certa crueza nas atuações, principalmente no caso da personagem principal.

Daniel Varotto, assistente de direção, comentou sobre a dimensão da memória no longa, alcançada pela utilização de imagens de arquivo cedidas pela atriz principal, Olivia Corsini. Varotto ainda ressaltou que Corsini, experiente intérprete, estava muito consciente do poder da sua imagem.

A constatação de que as representações existentes da gravidez na arte são bastante idealizadas foi um ponto levantado pela plateia, sendo o olhar do longa com relação a essa experiência bastante elogiado pelo público em geral. Petra Costa concluiu deixando claro a importância da contribuição de todos da equipe para a produção do filme, que tem estreia marcada para 5 de novembro deste ano, e afirmou que a obra nunca seria possível sem essa ajuda e sem a parceria com a codiretora dinamarquesa, Lea Glob.

Texto: Pedro Alves

Fotos: Carolina la Cerda




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