Publicado em 15/09/2024


The Seed Of The Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof

Multipremiado em Cannes e escolhido para representar a Alemanha na disputa pelo Oscar de melhor filme internacional, o longa-metragem The Seed Of The Sacred Fig é mais um grande destaque do cinema global confirmado na programação do 26º Festival do Rio, que acontece entre os dias 3 e 13 de outubro. O filme chega à programação do festival apresentado pelo Telecine.

O longa-metragem, que vai integrar a mostra Panorama Mundial, conta com a direção de Mohammad Rasoulof, diretor iraniano exilado na Alemanha que rodou o filme sob sigilo em sua terra natal. Por seu trabalho neste projeto, o cineasta foi condenado a oito anos de prisão e precisou fugir de seu país, cruzando a fronteira pelas montanhas, para não ser encarcerado.

The Seed Of The Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof

Para o jornal inglês The Guardian, o longa-metragem é “um filme sobre a burocracia misógina e teocrática do Irã que tenta captar e expor a angústia interior e os conflitos psicológicos de seus cidadãos dissidentes”.

Na trama, o cineasta, que também assina o roteiro, explora o clima de paranoia que permeou Teerã durante os protestos populares contra o autoritarismo do regime iraniano, encabeçados pelas manifestações de rua do movimento “Mulher, Vida, Liberdade”.

The Seed Of The Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof

A trama aborda essa crise pela perspectiva de uma família de classe média liderada por Iman (Missagh Zareh), um advogado dedicado que passa a atuar como magistrado investigador a serviço da Corte Revolucionária, cargo que o coloca na posição de validar diversas sentenças, inclusive de morte.

Em sua nova atuação, o homem entra em rota de colisão com sua esposa e filhas, que passam a questionar o papel dele no regime. Quando a arma de fogo que Iman guarda em casa desaparece misteriosamente, sua vida familiar cai numa espiral de desconfianças.

The Seed Of The Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof

O drama foi o filme mais premiado do Festival de Cannes em 2024, onde competiu pela Palma de Ouro e acumulou cinco honrarias: o Prêmio Especial, o Prêmio do Júri Ecumênico, o Prêmio FIPRESCI, o Prêmio François Chalais (dedicado às obras que celebram os valores do jornalismo) e o Prêmio dos Cinemas Independentes Franceses (Prix des cinémas Art et Essai).

“Minha única mensagem ao cinema iraniano é: não tenham medo”, comentou Rasoulof ao apresentar The Seed of the Sacred Fig em na coletiva de imprensa em Cannes. “Eles querem nos desencorajar, mas não se deixem intimidar. Eles não têm outra arma senão o medo. Temos que lutar por uma vida digna em nosso país.”


The Seed Of The Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof

Ainda na coletiva dedicada ao longa-metragem em Cannes, o diretor dedicou o longa aos atores e profissionais que não puderam deixar o país, exibindo fotos de membros do elenco que levou consigo por sua fuga do Irã rumo à Europa.

Aclamado pela crítica, The Seed of the Sacred Fig foi definido como “uma obra de arte extraordinária e inovadora” pelo Collider. “Tão preciso e bem estruturado quanto ambicioso em suas aspirações, [o filme] é um grito de alerta sobre o valor insubstituível da expressão artística em um mundo que fará de tudo para reprimi-la”, diz o texto.

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