Sob o signo de Kurosawa, Herzog e Tarkovsky Diretor Arnaud des Pallières apresenta seu Michael Kohlhaas hoje no Festival, em sessão seguida de debate com o público
Há 25 anos, o diretor francês Arnaud des Pallières teve seu primeiro contato com o livro Michael Kohlhaas, obra prima do escritor alemão Heirinch Von Kleist que leva consigo, entre outros feitos, o título de livro preferido de Franz Kafka.
De lá para cá, des Pallières realizou filmes como Parc e Adieu, sempre conservando em seu horizonte de projetos a adaptação para o cinema da história do comerciante de cavalos que busca restaurar sua honra e dignidade após ser vítima de uma injustiça.
No último Festival de Cannes, a versão cinematográfica de Michael Kohlhaas enfim chegou às telas e o herói ganhou vida na interpretação do ator Mads Mikkelsen. “Para um personagem extraordinário, é preciso um ator extraordinário”, explica o diretor. “O romance de Kleint começa com meia página de um retrato moral do personagem. O cinema não te possibilita começar por uma apresentação interior, o primeiro contato é sempre exterior, físico. Por isso eu precisava de um ator que, com sua silhueta e rosto, expressasse o que Kleint expressou naquela meia página”, completa. “Eu precisava que, no primeiro plano do personagem, você já pudesse sentir que ele não é um homem qualquer, que ele é único. Um pouco como a primeira cena de O cavaleiro solitário, de Clint Eastwood. Eu dizia que procurava um ator que parecesse Eastwood há 30 anos, cuja atuação fosse não fazer nada e simplesmente espelhar nossas projeções de espectadores. Jacques Dutronc, em Van Gogh de Maurice Pialat é outro ótimo exemplo do que buscava.”.
Além da indispensável atuação do dinamarquês, o diretor tomou grandes mestres do cinema mundial como inspiração para conceber seu projeto. “Como se tratava de um filme de época, histórico, minhas principais influências foram cineastas que realizaram trabalhos nesses moldes sem perderem suas essências, poesias, ou se tornarem acadêmicos. Há três grandes figuras, extremamente diferentes entre si, mas que conseguiram chegar a isso: Kurosawa, com Os 7 samurais, Herzog, com Aguirre – A cólera dos deuses, e Tarkovsky, com Andrey Rublev. São filmes que inventaram mundos, algo que nunca poderia ter sido imaginado por historiadores”.
Michael Kohlhaas tem sessão especial com a presença do diretor hoje às 21h30 no Estação Rio 1. As reprises acontecem nos dias 2 (Roxy 3, às 14h e 19h) e 8 (Estação Vivo Gávea 5, às 17h40).
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