Publicado em 19/07/2021

Liz, uma promissora menina de 15 anos, treina como uma estrela do esqui profissional sob orientação de um rigoroso ex-campeão, Fred. A relação dela com o treinador se torna cada vez mais intensa, até se transformar em violência.  Filme de estreia da cineasta Charlène Favier, "Slalom - Até o Limite", conquistou o prêmio do Festival de Cinema de Deauville. Ao site Papo de Cinema, Charlène, que confessou ter vivido muitas das experiências abordadas no filme, realçou a importância da discussão do tema do abuso sexual na sociedade contemporânea:

"Não tenho a impressão de que a situação tenha se transformado radicalmente entre a minha adolescência e 2017, quando filmamos. No entanto, em 2017, a palavra começou a ser liberada. Em 2019, muitas atletas ousaram compartilhar os abusos que sofreram, mas até o início das filmagens, dois anos antes, o cenário não tinha se transformado tanto assim. Enquanto eu fazia buscas por cenários em instalações esportivas reais, eu questionava sobre o assunto, esperando que as coisas tivessem mudado. Mas na verdade, estava tudo igual. Acredito que apenas agora esta transformação tenha se iniciado graças a algumas atletas que tiveram a coragem de falar a respeito. Graças ao filme, acredito que mais pessoas possam conversar a respeito também: tenho percebido uma movimentação após as sessões. A atual Ministra dos Esportes decidiu utilizá-lo para discutir a violência sexual no esporte.  A partir de 2020, os treinadores finalmente terão que passar por uma formação sobre os limites da relação entre a equipe técnica e os atletas. Tudo isso é muito recente. Em 2017, enquanto eu filmava Slalom, a Ministra dos Esportes da época afirmou que não havia casos de violência sexual no esporte francês. Zero. Simplesmente não haveria problema algum. Era uma negação total, três anos atrás. A palavra começa a se liberar agora, e por isso acredito que Slalom tenha um impacto tão forte. Escreveram muito a respeito do filme na crítica e na imprensa. A possibilidade de ver esta história em imagens e se confrontar às histórias reais serve de alerta às pessoas. Talvez se o filme tivesse estreado em 2017, ninguém teria falado a respeito. Ele provavelmente nem teria sido selecionado em festivais. Existe uma pertinência na data de lançamento em relação ao que acontece na sociedade." Maiores informações:  https://teleci.ne/FestRio_Site






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