Romeu e Julieta na periferia de Roma Diretor italiano Claudio Giovannesi fala sobre seu filme Alì tem olhos azuis
Por Sara Stopazzolli
O diretor italiano Claudio Giovannesi está no Rio para apresentar o longa Alì tem olhos azuis, uma ficção com altas doses de realidade. Espécie de Romeu e Julieta ambientado na periferia de Roma, o filme aborda a construção da identidade do adolescente egípcio Nader, que foge de casa para viver um amor proibido com uma italiana. Giovannesi reconta uma história real usando como atores o próprio adolescente, a namorada, os pais e os amigos dele.
O filme tem sessões marcadas para os dias 7, às 17h30 no Estação Ipanema 1, e 9, às 19h30 no Estação Barra Point 1.
Como surgiu Ali tem olhos azuis?
Antes eu fiz um documentário, Fratelli D´Italia, sobre a relação de três adolescentes filhos da imigração com a Itália. Um deles era Nader. Tempos depois o encontrei em frente a uma estação e perguntei como estava a vida dele. Ele disse que não estava bem e contou a história de seu amor proibido. Estava muito frio e fiquei tocado ao ver aquele garoto de 16 anos morando na rua em pleno inverno. Quis filmar aquela história. Mas não poderia mostrá-lo praticando roubos em um documentário, seria muito complicado. Então optei por fazer uma ficção, para que não me escapasse nada da realidade. Contraditório, não é?
Como foi a experiência de trabalhar com não-atores?
Muito difícil. Mesmo eles fazendo os papéis deles mesmos, era preciso atuar. Mas o que mais pegou foi o fato de ter que fazer isso todos os dias durante dois meses. No começo eles estavam bem disponíveis, achavam que era uma brincadeira. Na segunda semana disseram que não queriam mais trabalhar. E eu disse “Não, vocês não podem parar agora!”. Mas no final deu tudo certo.
Você optou por um final aberto. A escolha foi para imprimir a sensação de que a história de Nader segue acontecendo no mundo real?
Essa história pedia um final aberto. Acho mais importante mostrar o último sentimento do personagem do que uma ação propriamente. E isso vale para a maioria das histórias. Eu não gosto de filme onde algo acontece, o protagonista se transforma e o filme acaba.
É sua primeira vez no Rio?
Sim. Eu amo musica brasileira. Quero encontrar um lugar com musica ao vivo e ouvir o máximo que puder. Você tem alguma sugestão?
Foto: Thayane Guimarães
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