Repensando a história do Brasil no Cine Encontro Mário Wallace Simonsen, entre a memória e a história narra a trajetória de um dos maiores empresários do país
O Cine Encontro desta quarta-feira, 7 de outubro, recebeu o documentário Mário Wallace Simonsen, entre a memória e a história, de Ricardo Pinto e Silva, que lança luz sobre a vida de Simonsen, empresário e dono de um conglomerado de mais de trinta empresas, como a Panair do Brasil, a TV Excelsior, a Qasim e a Comal, maior exportadora de café do país.
A conversa, mediada pelo jornalista Chico Otávio, girou em torno do fim da carreira de Simonsen, arquitetado por inimigos após a subida ao poder das forças militares. Silva, o diretor, explicou que a ideia de fazer o documentário partiu da necessidade de conhecer e revelar fatos históricos do país, indo mais a fundo e buscando novas visões e interpretações. Para isso, disse que foi atrás de personagens primários dessa história, que a viveram e a têm na memória, e das pessoas que a estudam, como um dos roteiristas, Daniel Leb Sasaki.
Sasaki teve seu livro Pouso forçado, que investiga a intervenção da ditadura em empresas privadas e a extinção da companhia aérea Panair, publicado em 2005, e acaba de lançar uma edição ampliada. O autor contou que as novas informações foram obtidas com a abertura de arquivos pela Comissão Nacional da Verdade, ao longo da pesquisa que fez para o documentário. Ele ainda revelou que o processo envolveu o estudo de quarenta jornais, mais de mil reportagens e todos os documentos sobre o caso no judiciário. Sasaki foi enfático ao afirmar que era necessário que se confirmasse e comprovasse tudo, para que nada mais fosse posto em dúvida.
O cineasta Luiz Carlos Barreto, que é entrevistado no longa-metragem, relacionou tais questões com o contexto político atual do país, e contou muitos episódios interessantes sobre a época retratada. "O Ricardo mostra brilhantemente como foi. O grupo Simonsen quis acreditar nos brasileiros, eram empresários visionários. Nós hoje em dia precisamos ter a profundidade e o senso crítico de não acreditar só no que a mídia diz, precisamos entender melhor. Eu acho que esse filme, Ricardo, você tinha que pegar e exibir em praça pública!", declarou.
A filha do retratado, Maria Luiza Simonsen, ressaltou a importância da obra para esclarecer os fatos e trazer a verdade à tona, em especial porque em 2015 completam-se cinquenta anos desde o fim da Panair e da morte de Mário Wallace Simonsen. "Eu espero que isso mostre aos jovens o que aconteceu e o que pode acontecer, e que leve a mensagem de que precisam lutar por este país tão maravilhoso, que meu pai amava tanto".
A plateia deu contribuições interessantes ao bate-papo, e muitos concordaram que Mário Wallace Simonsen, entre a memória e a história deveria ser visto por todos: "O filme retrata muito bem o que aconteceu, eu estou emocionada com o que vi. Isso precisa ir pras universidades, pras praças, pras pessoas", disse uma professora.
Texto: Juliana ShimadaFotos: Lariza Lima
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