Publicado em 02/10/2013

O filme de ficção debatido no Cine Encontro da terça-feira, dia primeiro de outubro, foi o novo longa do diretor Sérgio Bianchi, Jogo das decapitações, que fala sobre as ressonâncias da ditadura no Brasil de hoje. A mesa foi mediada pelo jornalista Mario Abbade e o evento contou com um público bastante numeroso e interessado.

O diretor iniciou a conversa revelando que a ideia do filme surgiu do seu descontentamento com os rumos tomados pela geração de que faz parte, e lembrou que o filme traz trechos de seu primeiro longa, Maldita coincidência, de 1979.

A discussão política foi tema constante do debate, com público e elenco apontando as confluências entre a narrativa e as manifestações que explodem no panorama nacional na atualidade. Sobre isso, o ator Paulo César Pereio se apressou em sentenciar: “O filme é profético”, falou, lembrando ainda que as filmagens ocorreram antes dos eventos reais com os quais o filme dialoga. Nesse ponto, Bianchi complementou: “Se eu tivesse feito o filme depois de junho deste ano, faria certamente com outro tom”, disse.

O cineasta declarou ainda toda a sua admiração pelo trabalho dos atores: “Eu só não brigo com os atores. A criação deles é mágica”. Nessa direção, os membros do elenco presentes, em especial a atriz Maria Manoella e o ator Fernando Alves Pinto, mencionaram que não houve ensaios ou preparação antes das filmagens, e que o diretor demonstra muita confiança nos atores e os presenteia com muita liberdade criativa. Sílvio Guindane, por sua vez, elogiou o trabalho de lapidação da direção de atores do filme.

 

O ator João Velho comentou a experiência de interpretar o mesmo personagem que o pai (na trama, ele dá vida ao cineasta Jairo Mendes, personagem de Pereio, quando jovem), lembrando que eles já haviam feito o mesmo no teatro. “Adorei o resultado”, disse o filho, ao que o pai imediatamente acrescentou: “Vai para o álbum de família”.

Sobre o clima político do Brasil de hoje, Bianchi confessou que a movimentação dos protestos o surpreendeu positivamente. Ainda assim, mostrou-se saudoso: “Eu sinto falta da paixão e da força da década de 1970”, confessou.

Texto: Maria Caú

Fotos: Viviane Laprovita 




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