Publicado em 11/10/2022

Abrindo a tarde de debates da Première Brasil no Cine Odeon - CCLSR nesta segunda-feira (10), o jornalista e crítico Luiz Carlos Merten mediou uma conversa entre a equipe de Perlimps e o público. Representaram o longa animado no palco o diretor Alê Abreu, a produtora Laís Bodanzky, o produtor associado Ernesto Soto Canny, a assistente de direção Viviane Guimarães, o diretor musical André Hosoi e os jovens atores Giulia Benite e Lorenzo Tarantelli - responsáveis pelas vozes dos protagonistas.

Merten iniciou o bate-papo comentando sobre a relevância da fábula em busca do entendimento no mundo polarizado em que vivemos atualmente. Numa referência ao filme de abertura desta edição do Festival, dirigido por Sam Mendes, o crítico brincou que Abreu também fez seu Império da Luz.

Alê contou que não faz animações especificamente para crianças, mas seu trabalho é permeado pela crença infantil de que tudo é possível. Em sua visão, elas entendem a utopia mesmo sem saber o que é isso, mas crescem e esquecem que outros mundos são possíveis. A esperança, no entanto, permanece dentro de cada adulto como uma luz, que pode nos guiar coletiva e individualmente tal qual um farol, rumo a um futuro melhor. No caso de Perlimps, sua questão principal era a infância sendo sufocada pelo mundo dos gigantes.

A produtora Laís Bodanzky explicou que o projeto chegou à Buriti Filmes a partir do encontro de Alê com seu sócio, Luiz Bolognesi. Realizadores brasileiros premiados com o troféu principal do renomado Festival de Annecy, os dois decidiram juntar esforços. Abreu tinha apenas o esboço da ideia e a grande preocupação dos produtores era não estragar seu processo de criação bem específico, que se dá ao longo da caminhada. Respeitando sua animação autoral, cada vez mais rara no mundo, o foco da produtora era dar o suporte para ele criar livremente.

Assistente do diretor, Viviane Guimarães comentou que produções tradicionais americanas costumam ter 20, 30 animadores e Perlimps teve basicamente Alê Abreu e Sandro Cleuzo - responsável pelo João de Barro - na função. Ernesto Soto complementou detalhando a imersão que aconteceu entre 2018 e o início da pandemia em Santo Antônio do Pinhal, interior de São Paulo. Autor e equipe trabalhavam lado a lado nas montanhas, "respirando juntos o bosque encantado", nas palavras de Bodanzky. O título do filme, inclusive, seria Viajantes do Bosque Encantado originalmente.

Giulia Benite, a voz de Bruô, contou que fazer voz original é algo muito trabalhoso, não tão valorizado quando deveria. Lorenzo Tarantelli, voz de Claé, explicou ao público que o processo não tem nada a ver com dublagem, pois a imagem é feita a partir da sonoridade que os atores criam e da maneira que eles interpretam as intenções e falas indicadas. A voz guia o trabalho dos animadores.

Conforme observado por Laís Bodanzky, o bastante falado e multicolorido Perlimps é o oposto do clean e sem diálogos O Menino e o Mundo (2013), indicado ao Oscar. Mais espectadores poderão conferir o aguardado novo trabalho de Alê Abreu em 2023. O longa-metragem tem estreia prevista para fevereiro nos cinemas nacionais.

Texto: Taiani Mendes
Foto: Francisco Ferraz



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