Publicado em 16/09/2024


Parthenope, de Paolo Sorrentino

Paolo Sorrentino se junta a Pedro Almodóvar, Hong Sang-soo, Olivier Assayas e outros grandes realizadores do cinema internacional que terão seus mais recentes trabalhos apresentados no 26º Festival do Rio, que acontece entre os dias 3 e 13 de outubro.

Após competir pela Palma de Ouro em Cannes, o longa-metragem Parthenope desembarca na mostra Panorama Mundial, seleção do Festival do Rio que traz os longas mais aguardados do cenário internacional.

Em seu mais recente projeto, o autor italiano vencedor do Oscar retoma dois dos temas que lhes são mais caros em sua filmografia, elementos que norteiam muitas das explorações artísticas do cineasta e inclusive batizam dois de seus principais longas-metragens: A Grande Beleza (2013) e A Juventude (2015).

O filme, um drama fantástico descrito como uma carta de amor para Nápoles, cidade natal do diretor, acompanha a trajetória de vida da personagem-título, interpretada por Celeste Dalla Porta na juventude e por Stefania Sandrelli na fase madura. Parthenope, a protagonista, carrega o mesmo nome da sereia da mitologia grega, cultuada como divindade pelos napolitanos da Antiguidade, e acompanha várias décadas da vida dessa mulher de inúmeros admiradores.

No filme, Gary Oldman interpreta o escritor estadunidense John Cheever, conhecido por ambientar muitas de suas histórias na Itália. O elenco traz ainda nomes como Silvio Orlando, Luisa Ranieri, Peppe Lanzetta e Isabella Ferrari.

Primeiro filme de Sorrentino a trazer uma protagonista mulher, o longa-metragem foi definido como o “épico de uma heroína moderna” pelo cineasta. 

A trama aborda a vibrante paixão pela liberdade da protagonista, sua identidade entrelaçada com a vida napolitana e seus muitos amores. “A passagem do tempo nos brinda com um vasto leque de emoções. E ao fundo, tão próxima e, ao mesmo tempo, distante, está Nápoles, essa cidade inefável que encanta, fascina, grita, ri e sempre sabe como te ferir” diz a poética sinopse do filme divulgada em Cannes.

Em entrevista para a Variety, Sorrentino defendeu que considera a jornada das mulheres modernas muito mais heroica do que os contos mitológicos dos homens do passado. “Trata-se da grande jornada em direção à liberdade que as mulheres iniciaram agora, mas que vem de muito antes. É uma jornada épica. É uma jornada cheia de obstáculos, cheia de preconceitos. E é uma jornada muito corajosa que as mulheres estão trilhando. Porque não se trata apenas de afirmar o direito à liberdade. Trata-se de reconhecer as consequências de insistir na própria liberdade a qualquer custo, e essas consequências podem muitas vezes ser a solidão.”

O diretor já afirmou que a ideia do filme nasceu de reflexões e mudanças emocionais que têm ocupado sua consciência há muitos anos. Para Sorrentino, o ponto de partida do projeto se deu quando ele produziu A Mão de Deus (2021), trabalho que o cineasta considera um marco em seu amadurecimento artístico. Aquele filme nasceu do desejo de descrever sua juventude. Em Parthenope, Sorrentino aborda a juventude que ele sentiu ter perdido. “Quis falar sobre uma juventude sonhada, em vez de uma juventude que eu vivi”, assumiu o realizador.

“Parthenope é um filme que vibra com o zumbido da nostalgia, recapturando a sensação de liberdade juvenil e veranil, ao mesmo tempo em que não se esquiva das incertezas da juventude”, diz a crítica da Variety. “Mas não se trata apenas de uma história de amadurecimento; na verdade, é um filme sobre o processo de se encontrar.”

Parthenope será o quinto filme de Sorrentino a integrar a programação do Festival do Rio. Os anteriores foram A Grande Beleza (2013), Aqui é o Meu Lugar (2011), Ill Divo (2008) e O Amigo da Família (2006).

Relembre os principais destaques da carreira de Paolo Sorrentino

Vencedor do Oscar e do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro por A Grande Beleza, o diretor italiano já foi indicado nas mesmas categorias, nas duas premiações, por A Mão de Deus

Por seu trabalho na direção do drama biográfico Il Divo, o italiano ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes em 2008. Ainda em Cannes, Sorrentino venceu o Prêmio do Júri Ecumênico por Aqui é o Meu Lugar em 2011.

Il Divo também rendeu ao diretor o Prêmio SIAE, concedido pela Sociedade Italiana de Autores e Editores, no Festival de Veneza. O cineasta conquistou o prêmio pela segunda vez na Biennale em 2016, quando exibiu os dois primeiros episódios da série de TV The Young Pope em Veneza. Ainda no prestigiado festival italiano, conquistou o Grande Prêmio do Júri por A Mão de Deus.

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