Publicado em 13/10/2024


Grande equipe do filme O Maníaco do Parque presente no Cine Odeon — Foto: Christian Rodrigues/Festival do Rio 2024

Por Rodrigo Torres

“Ai, gente… está acabando!” Essas foram as primeiras palavras da diretora-executiva do Festival do Rio, Ilda Santiago, em sua última sessão na 26ª edição do evento — com uma interjeição que, certamente, sintetiza o sentimento de toda a equipe e, também, dos profissionais de imprensa que cobrem essa maratona de cinema. Durante semanas (e meses), preparamos e aguardamos ansiosamente a chegada do festival. Quando começa, é aquela correria, muito trabalho, muitos deslocamentos, muitos filmes. Mas, no final, bate aquela sensação mista de saudade do que já está perto do fim e de satisfação pelo dever cumprido. Uma sensação boa, afinal.

“Para nós, é sempre um prazer poder trazer para o público filmes muito novos, frescos, dos quais acabamos de ouvir falar muito bem nos festivais internacionais. Essa é a oportunidade que vocês vão ter esta noite. Esta é uma gala muito excepcional”, disse Ilda, agradecendo a todos os patrocinadores do 26º Festival do Rio, com destaque para a Shell e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro; ao “numeroso público” presente em todas as sessões do festival, que foi mesmo um sucesso; e à Diamond Films Brasil, por exibir pela primeira vez no Brasil um filme que só estreia em janeiro, e é muito aguardado: Conclave, de Edward Berger.


Ilda Santiago na gala de encerramento da 26ª edição do festival — Foto: Christian Rodrigues/Festival do Rio 2024

Estrelado por Ralph Fiennes e grande elenco, Conclave confirma as melhores expectativas desde sua primeira cena, quando uma trilha sonora grave e alta invade o cinema e revela o Cardeal Lawrence de costas, preocupado, em um cenário mergulhado em sombras, luto e mistério. O diretor Edward Berger cria um thriller dramático atmosférico para retratar o processo secreto de escolha do novo Papa após a morte inesperada de seu antecessor. Imagens grandiosas do Vaticano e seus espaços retratam a opulência da Igreja Católica e a sede de poder dos cardeais, em um jogo de intrigas e conspirações para definir o próximo sumo pontífice.

Entretanto, verdade seja dita: Conclave deu apenas continuidade ao clima de tensão que já permeava o Cine Odeon, após a exibição do thriller sci-fi Enterre seus Mortos, com Selton Mello, e da gala de encerramento nacional, com o filme O Maníaco do Parque. A produção Original Amazon ficcionaliza a investigação jornalística que levou à prisão do serial killer Francisco de Assis Pereira, condenado por atacar 23 mulheres e esconder os corpos de suas vítimas fatais no Parque do Estado, em São Paulo. Dirigido por Maurício Eça, o longa-metragem explora um dos gêneros de maior sucesso no Brasil e nos Estados Unidos: o true crime, sobre crimes reais.


Conclave, de Edward Berger

"O gênero true crime tem crescido muito, né?! O público tem se interessado demais por esse gênero, que é um gênero antigo, a gente via muita coisa sendo produzida pelo cinema internacional, mas havia um preconceito quanto a esse gênero no Brasil", diz o diretor Maurício Eça, que também fez o filme A Menina que Matou os Pais (2021), sobre a assassina Suzane Von Richthofen. "Foi uma honra ter sido convidado para essa gala de encerramento do Festival do Rio. Estou muito feliz de poder mostar aqui essa história muito potente... Uma coisa que tá na nossa alma, nesse filme, é dar voz às mulheres que foram vítimas dessa história. A gente contou uma história diferente da que foi contada na época pelo próprio Maníaco", completa o cineasta.

Silvero Pereira subiu ao palco emocionado e dedicou seu discurso a toda a equipe, agradecedendo àqueles que não aparecem diante da câmera, mas são fundamentais para o cinema acontecer. O ator de Bacurau exaltou também a curadoria do Festival do Rio 2024, brincando com as palavras e dizendo que os filmes da Première Brasil mostraram que ele é um "amador" do cinema. Na zona de entrevistas, ele falou sobre como seu trabalho como Francisco de Assis Pereira se encaixa na cena true crime.


O produtor Marcelo Braga, o ator Silvero Pereira e o diretor Maurício Eça — Foto: Christian Rodrigues/Festival do Rio 2024

"Tem uma coisa interessante: o público se interessa pelo true crime porque isso envolve um sentimento humano. E tem um senso de investigação também. De certa maneira, o espectador desse gênero se sente também um investigador conforme as informações vão chegando", disse o ator, destacando ainda a importância do cinema e da TV para ir além da superfície e explorar mais a fundo esses casos trágicos, envoltos em teorias e nuances psicológicas. "Um filme ou uma série ajuda a entender o contexto, situando o espectador no ano em que aquilo aconteceu, nos costumes da geração, até a gente ter uma compreensão maior do que de fato foi aquela tragédia", completa Silvero.

Após a grande e dupla sessão de gala desse sábado (12), o Festival do Rio 2024 se encerra de fato neste domingo (13), quando serão anunciados os vencedores do Trófeu Redentor na mostra Novos Rumos e na seleção oficial da Première Brasil. Saiba tudo aqui no site e em nossas redes sociais:

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