O feminino como gênero cinematográfico Ricardo Targino, diretor de Quase samba, discutiu questões políticas e de gênero no Cine Encontro de ontem
Otávio e a produtora, Vânia Catani, lembraram que a obra é talvez o primeiro filme a tematizar o fenômeno recente das manifestações de rua no Brasil. A esse respeito, o diretor, que se disse integrante do grupo Black Bloc, declarou seu apoio aos protestos e falou da importância de incorporá-los à história.
Targino e o diretor de arte, Cedric Avelini, explicaram ainda que a intenção era criar um universo de fábula, lúdico, e revelaram que os musicais foram uma inspiração constante. “Os musicais são um lugar de esperança”, opinou o realizador, que destacou ainda o papel do compositor Pupillo, responsável pela trilha original do filme, na construção dessa narrativa costurada por canções. Ressaltou ainda a participação do músico Arnaldo Antunes, que fez uma locução para a obra, além de ter composto (ao lado da cantora Céu) uma canção especialmente para Quase samba.
Os atores Mariene de Castro e Cadu Fávero falaram do caráter feminino do filme e das questões de gênero abordadas na obra. “Eu me sinto muito feminino”, colocou Fávero, ao que o diretor completou: “O feminino é um gênero cinematográfico”.
Castro, protagonista da trama, contou que sua gravidez foi incorporada à personagem para que as filmagens não tivessem que ser adiadas, e definiu o processo como um “desafio maravilhoso”. Nesse ponto, a produtora Vânia Catani apressou-se em inventariar os potenciais problemas implicados na decisão de filmar com uma atriz grávida de oito meses. “Eu era contra, mas deu tudo certo”, disse.Catani elogiou ainda o trabalho do músico Otto, que surge no filme em um dos seus poucos papéis no cinema. “Ele é que nem o Sean Penn, é impressionante. Essa é uma nova carreira para ele”, afirmou.
Para finalizar, Targino discutiu a necessidade de democratizar o acesso à cultura no Brasil, e manifestou o desejo de disponibilizar o filme para cineclubes. “O filme é público”, sentenciou.
Texto: Maria Caú
Fotos: Txai Costa
Voltar