O documentário e suas linguagens são temas do Cine Encontro Documentário de Matias Mariani e Maíra Bühler, A vida privada dos hipopótamos, compete na mostra Première Brasil deste ano
O primeiro Cine Encontro desta segunda-feira (29) no Armazém da Utopia contou com a presença da equipe de A vida privada dos hipopótamos, documentário da mostra competitiva Première Brasil que conta a história de um técnico de informática americano que se muda para a Colômbia.
A conversa, com Matias Mariani e Maíra Bühler, responsáveis por direção e roteiro, e Julia Murat, produtora, foi mediada pela jornalista e crítica de cinema Patricia Rebello, e teve participação interessada da plateia.
Mariani e Bühler explicaram que a ideia para a produção surgiu durante a gravação de outro filme, e que o personagem, Chris, avisou de antemão que precisaria de doze horas para contar sua história se quisessem mesmo filmá-lo. Os dois resolveram assim que precisavam mudar de rumo e fazer um filme que se dedicasse apenas à narrativa de Chris, pois acreditavam ter encontrado alguém com uma boa história pra contar e que sabia exatamente como fazê-lo. "Documentário a gente faz é com a relação com o personagem", sublinhou Mariani. A diretora Bühler ressaltou então que o arco narrativo construiu-se a partir da fabulação do próprio personagem sobre sua vida, criando camadas de enredo e experimentando novas linguagens.
Rebello observou a importância das imagens de arquivo para a obra, e falou sobre seu caráter de busca, de investigação: "Isso é muito interessante, porque você retoma uma imagem que já existe e vai atrás do que ela pode dizer. E com a vantagem de já saber o futuro dela".
A produtora Murat, que é casada com Matias Mariani, disse que sua entrada na equipe aconteceu de maneira familiar, quando começou naturalmente a se envolver com o projeto e buscar nichos de exibição para a obra.
Ademais, o desenho de som de A vida privada dos hipopótamos foi apontado como um fator forte da trama, e os diretores levantaram como referência o trabalho do cineasta Chris Marker, principalmente por seu filme de 1983, Sans Soleil. Bühler lembrou que, durante as reuniões com Beto Ferraz, editor de som, eles costumavam dizer: "Beto, a gente quer cinema, ajuda a gente que a gente quer cinema e som de cinema!".
Texto: Juliana Shimada
Fotos: Luiza Andrade
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