Nascimento-morte: O paradoxo da democracia Jornalista Adriana Barsotti debate filme com o diretor Belisário Franca.
A jornalista complementou a pergunta questionando acerca da responsabilidades das grandes empresas de tecnologia de comunicação numa conspiração contra o regime democrático. Para o diretor, o uso das mídias sociais ainda é muito recente, então ainda nos encontramos em processo de aprendizagem; nota, porém, que o tempo dedicado ao uso dessas redes resulta, progressivamente, numa maior seletividade dos conteúdos por parte dos usuários. “Na própria mídia, hoje em dia já existem serviços feitos por jornalistas independentes de checagem online. Como sempre, é mais um campo de disputa que está sendo colocado, que é o campo das mídias sociais”, pontuou Belisário.
A mediadora perguntou como nasceu a ideia para O paradoxo da democracia. De início, o diretor e sua equipe passaram a selecionar materiais de pesquisa dos últimos 11 anos, a partir dos quais notificaram que, em paralelo ao desenvolvimento das democracias, havia uma história dos manifestantes; tanto é que as imagens selecionadas são em maioria provenientes de manifestantes não profissionais. Em seguida, a equipe selecionou possíveis comentaristas que pudessem estabelecer um debate substancial sobre a temática.
Questionado sobre uma possibilidade de montar uma continuação do filme dada a situação conturbada da América Latina, Belisário brincou dizendo que os chilenos são bons documentaristas e com certeza farão bons filmes sobre o assunto que é, em suas palavras, um “prato cheio”. Sobre agendas minoritárias, o diretor afirmou que sua visão oscila entre duas possibilidades: uma proposta de intervenção mais universal, por vezes, uma de pautas minoritárias, por outras. Em torno especificamente do audiovisual, colocou com certo otimismo que nunca vira os atores da classe tão organizados para lutarem com as próprias armas da democracia na defesa da área.
Um espectador pediu que Belisário refletisse sobre o Brasil atual. “Não está restando outra alternativa a não ser usar as próprias ferramentas que a democracia tem e que pode dar à sociedade civil"; acha danoso para regimes democráticos uma atitude binária em que se confundem adversários com inimigos. Ao seu ver, é necessário que conversemos constantemente sobre os desdobramentos políticos em curso. Outro ouvinte colocou uma reflexão acerca da possibilidade de renascimento da democracia num cenário de domínio da extrema direita, partindo de experiências para além das institucionalizadas. “Eu não sou tão otimista se há uma saída de curto ou médio prazo. Acho que a gente ainda vai levar muito ‘sacolejo' antes de entendermos que democracia será possível daqui para frente”, finalizou o diretor.
Por: Mariana IsisVoltar