Mostra Limites e Fronteiras traz documentário marcante para o Cine Encontro Filme que mostra o trabalho de médicos em áreas de conflito foi assunto de mesa redonda ontem no CCJF
A primeira a falar de suas experiências como integrante dos MSF foi Batista, que trabalhou de 2007 a 2008 na Somália, sendo que nesse período era a única médica estrangeira do grupo. Ela relatou que, em momentos extremos, em que a segurança das equipes ficava mais ameaçada do que o normal, havia drásticas reduções no contingente de médicos e enfermeiros. Esse tipo de ação visava facilitar a evacuação das equipes caso a situação se agravasse, mas prejudicava e reduzia os atendimentos. “No momento da evacuação é triste saber que vamos deixar pessoas necessitadas”, declarou a médica.
Em sua fala, Villas Boas deixou claro que, em cada lugar em que os MSF realizam ações, existe a necessidade de dialogar com líderes, facções e outras formas de poder que estão em conflito. É necessário mostrar a cada liderança a neutralidade das ações humanitárias e que o único objetivo é atender a população, independente de religião ou etnia.
Sakalian ressaltou que o maior problema de grupos que realizam ações humanitárias não tem sido a arrecadação de fundos ou a falta de contingente humano, mas sim o acesso a populações que vivem em áreas de conflito.
Batista comentou que muitas pessoas atendidas pelos MSF sofrem com doenças chamadas de “negligenciadas”, que ganham esse nome porque podem ser facilmente evitadas, mas ainda são comuns em locais de extrema pobreza. “O trabalho dos Médicos Sem Fronteiras no combate de doenças negligenciadas é muito importante porque mostra ao mundo que essas doenças existem, que ainda afetam pessoas e que é possível tratá-las com dignidade”, disse a médica.
Questionados sobre as formas de financiamento dos projetos, os médicos falaram que a Cruz Vermelha e os MSF têm completa autonomia nas decisões sobre como seus projetos serão realizados. As instituições não recebem doações das indústrias farmacêutica e petrolífera, e nem de empresas relacionadas à extração de diamantes.
Vik Birkbeck fechou os debates parabenizando os médicos por seu empenho e coragem.
Texto: Nalui Mahin
Foto:
Vik Birkbeck
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