Publicado em 09/10/2024


Manga d'Terra, de Basil da Cunha

Por Rodrigo Torres

O Estação NET Rio recebeu, nesta noite de terça-feira (8), uma das sessões de gala mais divertidas da 26ª edição do Festival do Rio. “Boa noite, pessoal. Ai, que lindo! Ai, meu Deus! Estou muito feliz de estar aqui, e muito nervosa. Eu estou sempre nervosa. Estou sempre a sentir tudo”, disse Eliana Rosa, protagonista do filme Manga d’Terra, com seu bonito sotaque cabo-verdiano.

“Eu estou muito feliz mesmo, muito agradecida. Eu conheci a Ilda, gente! Agora ela é minha amiga!”, disse Eliana, dando um abraço apertado em Ilda Santiago e arrancando sorrisos da sala lotada. A diretora executiva do Festival do Rio, por sua vez, ressaltou a importância de exibir filmes de países de língua portuguesa, pela conexão cultural que temos com nossos coirmãos de Cabo Verde e Portugal, no caso específico do filme Manga d’Terra.


Eliana Rosa, Ilda Santiago e Basil da Cunha — Foto: Rogerio Resende / Festival do Rio 2024

“Essa iniciativa nos conecta aos nossos irmãos e irmãs que falam a nossa língua e que estão tão próximos de nós e, ao mesmo tempo, tão distantes de muitas formas. Isso é uma maneira de nos aproximar. Por isso, eu tenho o enorme prazer de apresentar para vocês o filme Manga d’Terra”, disse Ilda Santiago, revelando seu apreço pela obra e que tentara trazê-la ao Festival do Rio no ano passado.

O diretor e roteirista Basil da Cunha disse estar muito feliz de, após passar por outros festivais, chegar finalmente ao Brasil — cujo cinema partilha muitas familiaridades com Manga d’Terra. “Nós fizemos esse filme numa favela em Lisboa, onde eu vivo há 20 anos. Muitas vezes as pessoas nem percebem que esse filme se passa em Portugal, pensam que é no Brasil. Realmente, nós temos muitas semelhanças. Por isso, eu estou curioso por saber como vocês recebem e sentem o nosso cinema”, disse o cineasta luso-suíço.


Manga d'Terra, de Basil da Cunha

Quando Manga d’Terra começa, entendemos o que Basil da Cunha queria dizer. O filme é um exemplar do gênero favela movie, que ficou conhecido no mundo após o sucesso internacional de longas-metragens brasileiros como Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007). Porém, Manga d’Terra é todo baseado nas idiossincrasias portuguesas, além de trazer uma particularidade maior: o filme é um musical.

Na trama, a atriz Eliana Rosa interpreta uma jovem de 20 anos que deixa o Cabo Verde após a morte do marido para se estabelecer em uma comunidade de Lisboa. Trabalhando para Nunha, ela convive com o assédio dos chefões locais e a violência policial, mas tenta se manter calma e focada na missão de enviar dinheiro aos dois filhos. Para sobreviver à rotina difícil, ela se consola cantando seus dramas.


Eliana Rosa levanta o público presente no Estação Net Rio — Foto: Rogerio Resende / Festival do Rio 2024

“O musical não é o meu gênero preferido, mas eu quis fazer um musical do nosso jeito, com músicas ao vivo. Foi um filme feito com pouco orçamento, mas com muito amor e carinho. Com o apoio de nossa comunidade e graças ao talento da Eliana, que carregou o filme nas costas”, diz Basil da Cunha, fazendo um elogio merecido ao trabalho de sua protagonista.

Ao final da sessão, a atriz e cantora Eliana Rosa provou mais uma vez, então ao vivo, que o diretor tinha razão: ela soltou sua voz fenomenal para a plateia presente na sala — que retribuiu vibrando com a apresentação. Que momento! Mais uma sessão inesquecível foi pra conta do Festival do Rio.

Confira as próximas do filme Manga d’Terra:

SEX (11/10) 16:00 Estação NET Gávea 1
DOM (13/10) 21:30 Estação NET Rio 2

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