Macabro: uma trama das relações de opressão no Brasil Filme de Marcos Prado participa de ciclo de debates da Première Brasil.
Macabro, de Marcos Prado, fechou o primeiro dia de debates no Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro Cine Odeon - Claro. Na mesa mediada pelo crítico Mario Abadde, estavam presentes o diretor e quatro integrantes do elenco: Renato Góes, Guilherme Ferraz, Amanda Grimaldi e Laila Garin.
O thriller é baseado na história real dos “irmãos necrófilos”, acusados de assassinatos brutais nos anos 90 na Serra dos Órgãos, em Nova Friburgo, e acompanha a busca policial pelos rapazes. Segundo Mario, o filme traz uma visão crítica sobre o BOPE, diferente do que foi apontado a respeito de Tropa de Elite, do qual Marcos Prado foi produtor.
O diretor disse que, em seus filmes, procura colocar luz sobre questões desconhecidas, trazendo à tona debates sobre discussões às quais, por vezes, procura-se evitar. Ao contar a história dos dois irmãos, o filme aborda tópicos como racismo, feminicídio – uma vez que os dois irmãos eram negros e acusados de matar e violentar mulheres - e violência policial.
Mario, então, perguntou a Renato e Guilherme como foi a experiência de encarnar policiais. Renato afirma que contaram com ajuda do BOPE (incluindo aulas de manuseio de arma, tiro e postura) para além da preparação de elenco. Confessou a dificuldade de mergulhar num personagem que não necessariamente admira, mas que, como ator, é importante blindar-se daquilo que pensa e imagina. Guilherme compartilha do sentimento. Contrário a ações de abuso do poder policial, informa sua dificuldade em construir o personagem. No processo, indagou se procuramos uma polícia orientada pela razão, pela emoção ou pelo equilíbrio das duas – pergunta à qual não encontra resposta.
Do público, questões sobre o feminicídio e em torno das cenas de violência contra mulheres emergiram fortemente. A equipe foi indagada sobre a manutenção da imagem de mulheres em posição de sofrimento, opressão e violência; e mesmo sobre até que ponto a denúncia também não reforça tal imaginário. Laila Garin respondeu que estamos em processo de transformação: procura fazer com que esse tipo de cena ao menos provoque uma reflexão nas pessoas que continuam a violentar mulheres de diversas formas. Assume, por outro lado, ser difícil ver a si mesma e outras personagens violentadas tão brutalmente.
Marcos e Renato apontaram o estilo do filme – um filme de gênero – como um influenciador da grande quantidade de cenas violentas. Sobre o assunto, Amanda fez questão de dizer que, durante a produção, a equipe manteve-se cuidadosa e unida, estabelecendo relações de igualdade.
Por: Marina Martins Foto: Mariana Franco
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