Jason O'Hara apresente hoje seu documentário Ritmos de resistência Longa faz uma reflexão sobre a atuação das UPPs. Sessão será seguida de debate
Como surgiu a ideia de realizar Ritmos da resistência?
Tenho amigos brasileiros muito envolvidos com movimentos sociais. Eles me levaram a algumas comunidades com UPPs e me apresentaram a personagens que não tiveram boas experiências com as pacificações. Quando ouvi as histórias pensei em fazer um filme que mostra o que não vemos na televisão. Cathola, um sambista bem conhecido que escreve as letras de samba da escola “Alegria da Zona Sul” levou um tiro da PM arbitrariamente depois que a UPP chegou à comunidade dele, o Cantagalo. Ele e os outros personagens do filme nunca tiveram nenhum envolvimento com o crime. São todos artistas que acabaram baleados ou presos sem motivo.
Você filmou Ritmos da Resistência em dezembro de 2012 e fevereiro de 2013, antes do desaparecimento do auxiliar de pedreiro Amarildo chamar a atenção da opinião publica para a conduta das UPPs. Como você recebeu esse despertar da população com seus cartazes de “Cadê o Amarildo?”
Amarildo não foi o primeiro. São muitas as pessoas desaparecidas, antes e depois das UPPs. Mas a mídia não fala disso e a maioria é esquecida. Amarildo tornou-se um símbolo de todos os outros. Foi muito bom ver o povo brasileiro ir às ruas, se não fosse isso o Estado jamais faria nada. Estou impressionado com esse movimento que surgiu e espero que a justiça chegue para o Cathola e outros que sofreram abusos. Que bom que a opinião pública está mudando.
Como está seu projeto sobre os despejos?
É outra história que eu acredito que deve ser contada. Existem varias comunidades ameaçadas em função dos grandes eventos que o Rio vai sediar. Vários já foram despejados. São muitas pessoas lutando para permanecer no lugar onde nasceram e cresceram. Não é justo. Pretendo finalizá-lo no ano que vem e, quem sabe, exibi-lo aqui no Festival do Rio.
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