Publicado em 03/10/2013

Na tarde de ontem (quarta-feira, 02) um público entusiasmado veio ao Centro Cultural da Justiça Federal para conversar sobre Carioca era um rio, realização de Simplício Neto que aborda a história do rio Carioca e a liga ao desenvolvimento urbano no Brasil.

O diretor começou falando de sua relação com o documentário e de seu foco no processo da busca pelo próprio filme: “Eu queria que tratasse dessa questão, do filme de pesquisa, do documentário, da imagem em si”.

O jornalista Mauro Trindade, que mediava a mesa, apontou justamente o trabalho iconográfico como algo importante no desenvolvimento da narrativa, e Neto então levantou que as imagens funcionam em Carioca era um rio como indícios da investigação, e dão o tom do garimpo, da descoberta. Julia Bernstein, montadora, sublinhou que as ilustrações e registros antigos criam na obra um diálogo com o imaginário, com discursos construídos em diversos momentos da História. 

O tema principal do encontro manteve-se nos questionamentos suscitados pelo filme sobre o rio Carioca, a urbanização, o projeto de saneamento, a ocupação do solo, a especulação imobiliária e as histórias do Rio de Janeiro e do Brasil. O público participou ativamente das discussões, e mostrou-se muito atingido pelas questões levantadas na produção. Colocações e informações sobre o rio e assuntos relacionados, experiências e ímpetos efervesceram no debate, e o diretor apontou que o documentário possui esse poder de sensibilização, de tocar as pessoas e o que elas pensam, contribuindo com a sociedade.

Discutiu-se ainda a luta do artista do audiovisual pelo espaço, pela possibilidade de exibição em meio ao predomínio do cinema estrangeiro no país. Vale ressaltar, assim, o forte apoio da plateia e seu interesse em fazer com que o máximo de pessoas tivesse acesso ao filme. Os realizadores então destacaram a importância de estarem no Festival: “A gente ficou muito feliz de trazer Carioca era um rio ao Festival, é uma ótima plataforma para mostrá-lo. E os festivais são esse nascedouro, de onde o filme pode começar seu caminho”, disse o diretor.

Texto: Juliana Shimada

Fotos: Txai Costa




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