Publicado em 29/09/2013

A abertura do Cine Encontro deste ano, no sábado (28), dedicou-se a discutir Mar negro, terceiro longa-metragem de Rodrigo Aragão. O filme, terror que conta a história de uma aldeia de pescadores atingida pela contaminação de peixes e crustáceos, foi exibido no Centro Cultural da Justiça Federal, e teve um debate acalorado sobre as particularidades do cinema de baixo orçamento no Brasil.

A conversa iniciou-se com considerações do diretor Rodrigo Aragão sobre a necessidade de flexibilidade quando a produção não dispõe de muito dinheiro, uma vez que se deve adaptar o roteiro e a filmagem de acordo com as possibilidades da gravação. Aragão ressaltou ainda a importância de trabalhar com pessoas que tenham verdadeiro interesse pelo que fazem: “Desde o início eu disse: esse filme é abençoado, ele vai funcionar. Até porque tinha um monte de gente inteligente e apaixonada nele”. O realizador ainda destacou que, em seu método de trabalho, construía os personagens junto aos atores, geralmente seus amigos, e que o enredo era, a partir de uma espinha dorsal concebida anteriormente, moldado pelas ideias e disponibilidades da equipe e dos envolvidos.

Mayra Alarcón, atriz e produtora, acentuou a fala do diretor, salientando que na realização de Mar negro, em que a maior parte do dinheiro era destinada aos efeitos especiais, foi imprescindível a contribuição e o empenho de todos que participaram: "Eu não trabalho sozinha. E o que mais leva a gente a conseguir é carinho em fazer o que estamos fazendo”.

Responsável também pela maquiagem e pelos efeitos visuais, Aragão declarou que se inspira em diretores como Sam Raimi e Peter Jackson, mas considera indispensável o aspecto regional em seus roteiros e em sua estética. Ele e Alarcón apontaram a grande presença do fantástico na cultura brasileira, com o folclore, as lendas e os mitos, e assim, o forte potencial do cinema de horror no país.

Aragão disse que Mar negro será seu primeiro filme com distribuição em salas de exibição, mas levantou a questão do mercado nacional ainda não se encontrar disposto a receber o gênero. Sublinhou então a importância de sua produção estar no Festival do Rio: “O mercado brasileiro ainda não leva o terror muito a sério, espero que essa realidade mude. Acho que eu estar aqui hoje já é um passo muito importante para isso”.

Texto: Juliana Shimada

Foto: Txai Costa



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