Publicado em 25/09/2017

O cinema italiano é homenageado no Festival do Rio 2017. Dez filmes de cineastas contemporâneos fazem parte da mostra Foco Itália. São oito longa-metragens de ficção e dois documentários. Entre eles, está o filme mais recente de Abel Ferrara. É um documentário chamado Piazza Vittorio, sobre a maior praça de Roma. Ferrara acompanha num dia na vida dessa praça, onde a variedade multiétnica é notável. Casais se sentam para conversar, há um vai-e-vem de camelôs, um protesto aqui e ali... E o lugar, repleto de imigrantes das mais diversas origens, se revela animado e ingovernável. O filme de Ferrara participou do Festival de Veneza 2017 e chega ao Rio para mostrar uma Itália diversa, contemporânea, multirracial. Uma Itália que se vê nas imagens dos oito filmes que compõem a mostra Foco Itália do Festival do Rio 2017.

Parte da seleção de Veneza, Uma Família (Una Famiglia), de Sebastiano Riso, conta a história do casal Vicent e Maria. Enquanto ele tem um projeto de ajudar casais que não têm filhos, ela decide que é hora de construir uma família. Questões afetivas também estão presentes em Histórias de Amor que não pertencem a este mundo (Amori Che Non Sanno Stare al Mondo), de Francesca Comencini. Mesmo depois de anos separada, a protagonista Claudia continua querendo reconquistar o ex-marido - que já virou a página e segue sua vida. O filme foi exibido no Festival de Locarno 2017.


Outro filme que passou por Veneza foi o longa-metragem de ficção Hannah, de Andrea Pallaoro, que tem Charlotte Rampling no papel principal. A atriz britânica interpreta uma mulher que tem o marido preso, presta serviços domésticos para uma família rica e, em suas horas vagas, frequenta aulas em um grupo de teatro. Os mistérios que envolvem a vida de Hannah são aos poucos desvendados pelos espectadores, em mais um desempenho brilhante de Charlotte Rampling, no longa que também se tornou conhecido, no mercado internacional, com o título The Whale (A Baleia). 


O filme de Andrea Pallaoro é um belo estudo de personagem, assim como A Ciambra, longa-metragem de ficção de Jonas Carpignano, que chega ao Rio depois de ser premiado na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2017. O filme se passa numa pequena cidade da Calabria e acompanha o adolescente Pio, de 14 anos, que vai passar por um teste para comprovar sua maturidade.

Os dilemas da Italia contemporânea estão nas imagens de Depois da Guerra (Dopo la Guerra), de Annarita Zambrano. O longa de ficção mergulha na cidade de Bolonha, em 2002, no período em que  protestos contra a lei trabalhista italiana explodem nas universidades. O filme conta os bastidores do assassinato de um juiz italiano e do julgamento dos acusados de sua morte. O filme foi exibido na mostra Um Certo Olhar, em Cannes. E a vida nas cidades interioranas são o centro do enredo de La Vita In Comune (La Vita In Comune), de Edoardo Winspeare, longa de ficção que se passa em Disperata, uma pequena cidade no sul a Itália. Ali, o melancólico Filippo Pisanelli se sente terrivelmente inapropriado em seu papel de prefeito, até conhecer o poder de sedução da literatura como fator de civilidade social. O filme esteve no Festival de Veneza 2017.

Vencedor do prêmio de Melhor Documentário da mostra Horizontes, no Festival de Veneza 2016, Livrai-me (Liberami), de Federica Di Giacomo, é um filme sobre exorcismo e como a Igreja Católica tem nomeado cada vez mais sacerdotes para atender a uma número cada vez maior de pessoas que afirmam sofrer de doenças causadas por possessão demoníaca.

Em Tudo o que você quer (Tutto Quello Che Vuoi), de Francesco Bruni, um rapaz problemático de 22 anos torna-se cuidador de um poeta de 85 anos, e as conversas e passeios dos dois fazem voltar à tona memórias difusas do passado do poeta. E em Tulipani: Amor, Honra e Uma Bicicleta (Tulipani: Liefde, Ser en een Fiets), de Mike Van Diem, uma mulher viaja do Canadá para a Itália a fim de realizar o último pedido de sua falecida mãe: espalhar suas cinzas por sua cidade natal, a pequena Puglia e descobre revelações sobre o passado, que irão abalar suas certezas.

Com oito longas de ficção e dois documentários, a Mostra Foco Itália faz um painel diversificado e envolvente de conflitos que são europeus, por certo, mas que também são profundamente humanos.


A Ciambra (A Ciambra), de Jonas Carpignano. Ficção. 118min. Foco Italia.

Com Damiano Amato, Iolanda Amato, Koudous Seihon, Pio Amato

Em uma pequena comunidade romana na Calábria, Pio Amato não vê a hora de virar adulto. Aos 14 anos, ele já bebe, fuma e é um dos poucos a circular com facilidade entre os grupos da região: os italianos locais, os refugiados africanos e o grupo de ciganos Romani. Pio tem como referência seu irmão mais velho Cosimo, com quem aprende como se virar nas ruas de sua cidade natal. Quando Cosimo desaparece, Pio vê uma oportunidade para provar sua maturidade, mas logo se encontra diante de uma decisão que colocará tudo à prova. Premiado na Quinzena dos Realizadores de Cannes 2017. Saiba Mais: http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/a-ciambra


Depois da Guerra (Dapo la Guerra) de Annarita Zambrano. Ficção. 93min. Foco Italia.

Com Barbara Bobulova, Giuseppe Bastiston, Orfeo Orlando.

Bolonha, 2002. Os protestos contra a lei trabalhista italiana explodem nas universidades. O assassinato de um juiz reabre velhas feridas políticas entre a Itália e França. Marco é um ex-ativista de esquerda que, graça à doutrina de Mitterrand, encontrou asilo na França 20 anos atrás. Condenado na época por assassinato, ele é hoje o principal suspeito de ordenar o ataque. O governo italiano exige sua extradição, forçando Marco a fugir com Viola, sua filha de 16 anos. Sua vida e a de sua família na Itália mudarão para sempre. Exibido na Mostra Um Certo Olhar, Cannes 2017. Saiba Mais: http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/dopo-la-guerra


Uma família (Una famiglia), de Sebastiano Riso. Ficção. 97min. Foco Italia.

Vincent nasceu nos arredores de Paris, mas rompeu com suas raízes. Maria, 15 anos mais nova, cresceu em Ostia, na Itália, mas já não vê sua família. Juntos eles formam um casal que parece não precisar de ninguém. Eles conduzem uma vida isolada na Roma contemporânea e fazem amor com a paixão dos jovens amantes. No entanto, em um olhar mais atento, sua vida cotidiana não condiz o que está por trás das aparências: um projeto de Vincent que pretende ajudar casais que não podem ter filhos. Maria decide que é hora de criar uma família real, desafiando o homem de sua vida. Veneza 2017.

Saiba mais: http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/una-famiglia



Hannah (Hannah), de Andrea Pallaoro. Ficção. 95min. Foco Italia.

Com Charlotte Rampling, André Wilms, Jean-Michel Balthazar

Hannah tem um filho, um neto e um marido, que está na prisão. Ela presta serviços domésticos para uma família rica e, em suas horas vagas, frequenta aulas eventuais em um grupo de teatro. Um certo ar aristocrático, no entanto, nos diz que o trabalho de Hannah não condiz com sua realidade - sobretudo quando conhecemos a condição social de seu filho. Através do sentimento de identidade fraturado, o filme investiga a alienação moderna, a luta pela conexão e as linhas divisórias entre a identidade individual, as relações pessoais e as pressões sociais. Veneza 2017. Saiba Mais: http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/hannah


Histórias de Amor que não pertencem a este mundo (Amori Che Non Sanno Stare al Mondo), de Francesca Comencini. Ficção. 92min. Foco Itália.

Com Lucia Mascino, Thomas Trabacchi, Valentina Bellè

Claudia e Flavio viveram uma paixão arrebatadora por um longo tempo. Quando tudo terminou, Claudia não reagiu bem ao fim e mesmo com o passar dos anos, ainda sente seu mundo à deriva. Flavio sente a necessidade de seguir em frente, firme com os pés no chão, enquanto Claudia preferiria nunca esquecer. Uma comédia sentimental sobre o quão inadequadas e incongruentes são as histórias de amor nos dias de hoje e sobre como mulheres encaram o fim e um novo começo. Exibido no Festival de Locarno 2017. 

Saiba mais: http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/amori-che-non-sanno-stare-al-mondo


Livrai-me (Liberami), de Federica Di Giacomo. Documentário. 90min. Foco Itália.

O exorcismo ainda é uma realidade e o número de pessoas que afirma sofrer de doenças causadas por possessão demoníaca cresce a cada ano.  A Igreja Católica reage a essa crise nomeando sacerdotes como exorcistas em número cada vez maior. Apenas em Roma e Milão, o número de especialistas dobrou, e a igreja criou um call center de emergência. Padre Cataldo é um dos exorcistas mais procurados da Sicília. Todas as terças, uma multidão de fiéis segue seu ritual de libertação, procurando uma cura para males que parecem não ter rótulo ou remédio. Melhor filme documentário da mostra Horizontes em Veneza 2016.

Saiba Mais: http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/liberami


Piazza Vittorio, de Abel Ferrara. Documentário. 75min. Foco Itália

Piazza Vittorio é a maior praça de Roma. Tanto ali, quanto nos distritos adjecentes de Esquiline, a variedade multiétnica de seus habitantes é notável. São romanos, asiáticos, norte-africanos e índios que fazem da praça um lugar animado e ingerenciável. Sua natureza única e colorida, acabou por atrair muitos artistas, como Matteo Garrone e Willem Dafoe, que elegeram a Piazza Vittorio como lar. Dentre os ilustres habitantes está Abel Ferrara, que aqui usa de seu ponto de vista independente e poético para criar um retrato surreal e neorrealista de um dia na vida da praça. Veneza 2017. 

Saiba mais: http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/piazza-vittorio 

Tudo o que você quer (Tuttlo quello che vuoi), de Francesco Bruni. Ficção. 106min. Foco Itália.

Alessandro é um problemático rapaz de 22 anos; Giorgio é um esquecido poeta de 85 anos. Eles vivem no bairro do Trastevere, em Roma, a apenas alguns quarteirões um do outro, mas nunca se encontraram. Até que Alessandro aceita um trabalho voluntário como cuidador, e passa a acompanhar o velho senhor em suas caminhadas vespertinas. À medida que os dias passam, voltam à tona memórias difusas do passado do poeta. Seguindo as pistas como em uma caça ao tesouro, Alessandro e Giorgio assumem uma jornada em busca de lembranças esquecidas – e da beleza dentro de seus próprios corações.

Tulipani: amor, honra e uma bicicleta (Tulipani: liefde, Eer en een Fiets), de Mike Van Diem. Ficção. 90min. Foco Itália.

Na década de 1980, Anna viaja do Canadá para a Itália a fim de realizar o último pedido de sua falecida mãe: espalhar suas cinzas por sua cidade natal, a pequena Puglia. Chegando lá, Anna conhece Immacolata, antiga amiga de sua mãe, que lhe conta de quando seu pai, Gauke, viajou entre a Holanda e a Itália de bicicleta, introduziu a prática de irrigação holandesa na cidade, formou um negócio de venda de tulipas e lutou com bandidos com golpes de kung fu. Immacolata faz ainda revelações mais sinistras, que irão abalar o mundo de Anna, fazendo-a acertar as contas com o passado. Toronto 2017. Saiba mais: http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/tulipani-liefde-eer-en-een-fiets


La Vita In Comune (La Vita In Comune), de Edoardo Winspeare. Ficção. 110min. Foco Itália.

Com Gustavo Caputo, Antonio Carluccio, Claudio Giangreco, Celeste Casciaro

Na Disperata, uma pequena cidade no sul a itália, o melancólico Filippo Pisanelli se sente terrivelmente inapropriado em seu papel de prefeito. Somente seu amor pela poesia e sua paixão pelas leituras que faz aos detentos da região dão algum alívio a seu estado de depressão. Na prisão ele conhece Pati, um ladrão de galinha também nascido em Disparata. O ladrãozinho e seu irmão sonhavam em se tornar os chefes da máfia de Capo di Leuca, mas o encontro com a literatura muda tudo e uma amizade incomum surge entre os três, potencializando escolhas corajosas. Festival de Veneza 2017.

Saiba Mais: http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/la-vita-in-comune





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