Publicado em 08/09/2024

Canina, de Marielle Heller — Foto: divulgação/Disney

Após a divulgação da seleção completa de longas-metragens nacionais da Première Brasil, chegou a hora de conhecer os primeiros filmes internacionais confirmados na programação da 26ª edição do Festival do Rio, que acontece entre os dias 3 e 13 de outubro.

O anúncio contempla uma seleção especial com aguardados filmes estrangeiros, sendo que cada um deles é representado por algumas das importantes distribuidoras com as quais mantemos uma sólida parceria. 

Essa colaboração reflete o compromisso do Festival do Rio e das distribuidoras em trazer ao público o melhor do cinema mundial para a nossa grande maratona cinéfila, que tradicionalmente oferece uma programação que conecta diferentes culturas, linguagens e estéticas cinematográficas.

Confira os filmes internacionais confirmados na programação deste ano do Festival do Rio.

  • A Traveler’s Needs, de Hong Sang-soo (Pandora Filmes)
  • All Shall be Well, de Ray Yeung (Encripta)
  • Canina, de Marielle Heller (Disney)
  • Dormir de Olhos Abertos, de Nele Wohlatz (Vitrine Filmes)
  • Tempo Suspenso, de Olivier Assayas (Zeta Filmes)
  • The Girl with the Needle, de Magnus von Horn (MUBI)
  • The Outrun, de Nora Fingscheidt (Sony Pictures Brasil)
  • The Visitor, de Bruce LaBruce (Imovision)
  • Todo Tempo que Temos, de John Crowley (Imagem Filmes)
  • Transamazonia, de Pia Marais

Saiba mais sobre cada um dos filmes a seguir.

Canina, de Marielle Heller — Foto: divulgação/Disney
Canina, de Marielle Heller — Foto: divulgação/Disney 

Com Amy Adams, seis vezes indicada ao Oscar, no papel principal, Canina (Nightbitch) traz a direção de Marielle Heller, cineasta responsável por O Diário de uma Adolescente (2015) e Um Lindo Dia na Vizinhança (2019). Exibido na seleção Special Presentations do Festival de Toronto 2024, o longa-metragem une comédia, drama e terror e apresenta Adams no papel uma mulher que faz uma pausa em sua carreira para se dedicar aos filhos e à vida doméstica. Com o tempo, a nova rotina provoca nela uma metamorfose surreal. Scoot McNairy e Zoë Chao também integram o elenco.

“Às vezes, quando as pessoas me perguntam sobre o que é o filme, eu digo: ‘É sobre maternidade e raiva’. Ou você entende isso, ou não”, comentou a cineasta em entrevista recente, na qual revelou que se inspirou para escrever o roteiro do filme após passar pela experiência de cuidar de seus dois filhos sozinha pela primeira vez durante uma viagem de seu marido, o também diretor Jorma Taccone. 

Todo Tempo que Temos, de John Crowley — Foto: divulgação/Imagem Filmes
Todo Tempo que Temos, de John Crowley — Foto: divulgação/Imagem Filmes 

Capitaneada pela presença dos astros Andrew Garfield e Florence Pugh no elenco, outro aguardado destaque internacional do Festival do Rio é Todo Tempo Que Temos (We Live In Time), coprodução França-Reino Unido dirigida por John Crowley. O longa-metragem integra a seleção oficial do Festival de Toronto deste ano e será o filme de encerramento do Festival de San Sebastián.

O projeto surgiu de um desejo do cineasta de produzir um filme “assumidamente emotivo” após dirigir o longa-metragem Brooklyn (2015) e episódios de séries como Black Mirror e True Detective. Na trama, Almut (Pugh) e Tobias (Garfield) se conhecem literalmente por acidente, após uma batida de carro, se apaixonam e formam uma família juntos. O longa-metragem acompanha diversas facetas deste relacionamento ao longo dos anos sendo narrado de forma não-linear, mostrando como o casal vivenciou um amor que desafiou os limites do tempo.

Em entrevista para a Vanity Fair, Pugh celebrou a química com Garfield durante as filmagens, afirmando que foi fácil se sentir confortável ao lado do ator enquanto seus personagens exploravam todo o escopo da dimensão emocional de seus papéis. “Me senti muito madura”, comentou a atriz. “Senti que estava abordando isso de uma maneira diferente, e tinha alguém que podia me acolher e me proteger da mesma forma que eu o acolhia e protegia. Havia uma troca muito fluida entre nós dois, e isso foi algo muito poderoso de criar com alguém.”


The Girl with the Needle, de Magnus von Horn — Foto: divulgação/MUBI

O drama dinamarquês The Girl with the Needle competiu pela Palma de Ouro em Cannes e agora desembarca no Festival do Rio. Dirigido pelo cineasta sueco-polonês Magnus von Horn, o filme é ambientado na cidade de Copenhague nos anos seguintes ao final da Primeira Guerra Mundial.

A trama acompanha Karoline (Vic Carmen Sonne), uma jovem operária e pobre, que foi abandonada grávida e aceita trabalhar como ama de leite em uma agência de adoção clandestina. Gradualmente, ela nota que o local, gerido por Dagmar (Trine Dyrholm) esconde um segredo perturbador. Inspirado na história real da assassina em série Dagmar Overbye, o longa-metragem também integrou a seleção Special Presentations do Festival de Toronto.

The Outrun, de Nora Fingscheidt — Foto: divulgação/Sony Pictures Brasil
The Outrun, de Nora Fingscheidt — Foto: divulgação/Sony Pictures Brasil

Outra produção com trama baseada em fatos reais é The Outrun, que adapta para as telonas o livro de memórias de mesmo nome escrito pela jornalista escocesa Amy Liptrot. Exibido em Sundance, Berlim e premiado no Festival de Telluride, o filme acumulou elogios para a atuação de Saoirse Ronan, que estrela e também produz o longa-metragem.

O drama acompanha a jornada rumo à sobriedade de Rona (Ronan), uma mulher que acabou de deixar uma clínica de reabilitação onde ficou internada para tratar seu alcoolismo e retornou para sua cidade natal, nas remotas ilhas Órcades, no norte da Escócia. A direção é da cineasta Nora Fingscheidt, elogiada por sua “exploração visceral da psiquê feminina traumatizada” na crítica do The Hollywood Reporter.

Tempo Suspenso, de Olivier Assayas — Foto: divulgação/Zeta Filmes
A Traveler’s Needs, de Hong Sang-soo — Foto: divulgação/Pandora Filmes

Vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim, a produção sul-coreana A Traveler’s Needs traz o cinema de Hong Sang-soo para o Festival do Rio mais uma vez. O filme marca a 14ª presença de um longa-metragem do realizador sul-coreano na programação do maior encontro de cinema da América Latina.

O trabalho é estrelado pela celebrada atriz Isabelle Huppert, que vive uma francesa expatriada que costumava tocar flauta em um parque e que supera suas dificuldades financeiras ensinando francês a duas mulheres na Coreia do Sul. No enredo, definido pela Variety como “travessamente enigmático”, a protagonista encontra conforto deitando em pedras e recorre ao makgeolli — vinho de arroz típico da Coreia — para se sentir bem.

All Shall be Well, de Ray Yeung — Foto: ©2023 Mise en Scene filmproduction
All Shall Be Well, de Ray Yeung — Foto: ©2023 Mise en Scene filmproduction

Premiado no Festival de Berlim deste ano com um Teddy Award, o mais antigo prêmio queer do cinema mundial, o filme All Shall Be Well, de Ray Yeung, aborda a temática do luto e o enfrentamento ao preconceito no contexto das famílias LGBTQIAP+. Na trama, ambientada em Hong Kong, Angie e Pat formaram um casal por muitas décadas. Após a morte inesperada de Pat, Angie se vê à mercê da família da ex-mulher, lutando para preservar sua dignidade e o lar que dividiu com a companheira durante 30 anos.

All Shall Be Well foi descrito como uma produção "lindamente roteirizada e encenada" pelo Indiewire, que também elogiou o olhar do diretor para as nuances das dinâmicas de classe e de família na sociedade de Hong Kong.

Tempo Suspenso, de Olivier Assayas — Foto: ©Carole Bethuel
Tempo Suspenso, de Olivier Assayas — Foto: ©Carole Bethuel

Olivier Assayas é mais um grande cineasta internacional que tem uma forte conexão com o Festival do Rio e que estará presente na programação da edição deste ano. O mais recente longa-metragem do realizador francês, a comédia dramática Tempo Suspenso, será o oitavo trabalho do diretor a ser apresentado no festival. Em 2018, o diretor esteve no Rio de Janeiro, na 20ª edição do evento, para apresentar Vidas Duplas, estrelado por Guillaume Cant e Juliette Binoche, e participar de uma mesa de debates do RioMarket.

O filme, originalmente intitulado Hors du Temps, competiu pelo Urso de Ouro em Berlim e traz tintas autobiográficas da vida do cineasta. Na trama, os irmãos Paul, um diretor de cinema, e Etienne, um jornalista musical, estão confinados na casa de campo da família, no interior da França, com suas parceiras Morgane e Carole. Cada cômodo, cada objeto e até as árvores do jardim lhes trazem as memórias da infância e seus fantasmas.


The Visitor, de Bruce LaBruce — Foto: divulgação/Imovision

Integrando a tradicional mostra Midnight Movies, dedicada ao cinema disruptivo, o longa The Visitor, do provocativo realizador Bruce LaBruce, apresenta uma releitura erótica, cheia de liberdades, de Teorema (1968), de Pier Paolo Pasolini.

Ambientado na cidade de Londres nos dias atuais, o filme traz cenas de sexo não-simulado e começa apresentando a história de um refugiado que aparece nu dentro de uma mala na margem do rio Tâmisa. O enigmático visitante se apresenta a uma família burguesa de classe alta e é convidado a morar com eles como funcionário. Ele passa a seduzir cada membro da família em uma série de encontros sexuais explícitos, virando o mundo deles de cabeça para baixo e permitindo que se redefinam de maneiras radicais.


Dormir de Olhos Abertos, de Nele Wohlatz — Foto: © Victor Juca

Dormir de Olhos Abertos, de Nele Wohlatz, sintetiza o intercâmbio de culturas da programação internacional do Festival do Rio. Vencedor do Prêmio FIPRESCI de melhor filme da mostra Encounters no Festival de Berlim 2024, o filme é uma coprodução de quatro países de três diferentes continentes, assinado por uma cineasta alemã radicada na Argentina sobre comunidade de chineses que reside em Recife.

No filme, definido como uma comédia de erros, Kai chega no Brasil vindo de Taiwan com o coração partido. Ao procurar por Fu Ang, após o fechamento de sua loja de guarda-chuvas, ela encontra Xiao Xin e um grupo de trabalhadores chineses. Ao longo de um verão quente e vagaroso, surgem laços delicados entre eles, em meio a mal-entendidos e encontros inesperados.

“Eu queria fazer um filme que pudesse se passar em qualquer lugar do mundo, com pessoas que poderiam ter ido a outro lugar e que pareciam não pertencer a lugar nenhum”, definiu a cineasta em entrevista para o site Cinema Sétima Arte. O elenco do filme é formado por atores que nunca haviam atuado antes.


Transamazonia, de Pia Marais —  Foto: Cinema Defacto/Gaijin

Co-produção França, Alemanha, Suíça,Taiwan e Brasil, o drama sobre amadurecimento Transamazonia completa a lista dos 10 primeiros filmes internacionais divulgados na progração do Festival do Rio 2024. Exibido no Festival de Locarno deste ano, onde competiu pelo Leopardo de Ouro, o filme da cineasta Pia Marais, sul-africana radicada na Alemanha, é ambientado na Amazônia brasileira. Na crítica da Variety, o longa-metragem foi definido como um "exercício atmosférico" apresentado de forma "tátil e sedutora".

Na trama, Rebecca (Helena Zengel), filha do missionário Lawrence Byrne (Jeremy Xido), foi considerada "um milagre" após ter sobrevivido a um acidente de avião no fundo da floresta amazônica quando criança. Anos mais tarde, torna-se uma curandeira milagrosa, sustentando sua missão graças à sua crescente fama. Mas quando madeireiros ilegais invadem as terras pertencentes aos povos indígenas que estão evangelizando, o pai de Rebecca os manipula para o epicentro deste conflito crescente.

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