Entrevista: Athanasios Karanikolas Cineasta grego apresenta o drama Sonar no Festival do Rio, sob influência de Godard, Gus Van Sant e Michael Haneke
Athanasios Karanikolas, ou simplesmente Thanassis, nasceu em Tessalônica na Grécia, mas vive na Alemanha desde os 20 anos. Começou sua carreira como fotógrafo, mas foi conquistado pela sétima arte e acabou estudando vídeo e mídia na Art Academy Düsseldorf. Dentre seus filmes estão Elli Makra - 42277 Wuppertal (2007) e Mein bester schlimmster Fehler (2005). O diretor greco-germânico veio ao Festival do Rio 2013 para apresentar a sua nova produção Sonar, que conta a história de um grupo de jovens que se reúne em uma casa para expurgar o sentimento causado pelo suicídio de um de seus amigos, Franz.
O diretor aproveitou a sua passagem pelo Armazém da Utopia, sede do Festival para conversar com o site do Festival do Rio. Athanasios vai estar presente a sessão de Sonar neste sábado, às 21h15, no Estação Rio 3. O longa passa mais cedo, às 14h, no mesmo cinema. E reprisa segunda, dia 30, no Estação Vivo Gávea 4 (às 15h30 e às 22h) e no sábado, dia 5, no Estação Barra Point 1 (às 8h3).
Sonar flerta com o hedonismo e com o individualismo. O fato de escolher jovens para tratar deste tema , a partir do suicídio de um amigo deles, parece evidenciar essa relação.
Nós podemos ver o filme sob esse ponto de vista também. Quando eu comecei a escrever, não tinha muito bem definida a ideia do filme ou do roteiro. Eu quis trabalhar com atores jovens. Não tínhamos história ou personagens definidos. O que fizemos foi reunir os atores em uma casa e discutirmos as ideias deles sobre morte, suicídio e como eles encaravam isso. Minha ideia principal foi abordar como essa geração, mais especificamente aquele grupo de jovens, aceita a morte, sem conseguir lidar de forma tradicional ou padrão. No filme, o modo que eles encaram é através da dança, da música, do rock, do sexo e das drogas. Algumas pessoas vão dizer que é uma postura individualista, outras que é uma forma hedonista, mas na verdade é muito sobre nós e sobre o nosso narcisismo; e também sobre como isso é característico da juventude. Mas no fundo, é sobre todos nós.
Como foi trabalhar com essa forma narrativa que você experimentou em Sonar? Você usa formas diferentes de manejo de câmera, como takes na altura da cintura, do peito, na boca ou no nariz, e até fora de foco.
Eu amo cinema e amo muitas coisas relacionadas a ele. Assisti, a vida inteira, a filmes dos mais diversos diretores. O que tenho em mente quando faço um filme é abordar várias formas de se ver e fotografar o mundo, e acabo fazendo planos estáticos e sequências longas para que se tenha tempo de observar as pessoas. Também tento dar liberdade para os atores para que eles possam trazer suas visões e idéias para o filme. Gosto de experimentar a distância e os closes. Para mim, é interessante descobrir quão longe ou quão perto você pode filmar alguém. De certa forma, nisso eu sou próximo de grandes diretores como Gus Van Sant ou Jean Luc Godard.
E a sua paixão pelo cinema ? Como começou ?
Comecei trabalhando com fotografia e depois a escrever textos para a companhia de fotografia para qual trabalhei. Então, comecei a observar melhor o mundo ao meu redor e a fazer comentários sobre ele, o que me levou a fazer documentários. Até os meus filmes de ficção têm uma forte influência documental.
E ainda falando da paixão pelo cinema, sou um grande fã de Michael Haneke. Acredito que ele seja um dos maiores diretores de todos os tempos. A obra dele teve muita influência sobre minha vida pessoal e como cineasta. Meu filme favorito dele é A professora de piano.
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