Publicado em 11/10/2016

Ocorreu hoje (11) mais uma sessão do Cine Encontro no Odeon, com a exibição do documentário A luta do século, de Sérgio Machado, seguida de debate. O filme relata a longa rivalidade entre os pugilistas Luciano Todo Duro e Reginaldo Holyfield, que remete à década de 1990, assim como os preparativos para uma nova luta, num momento em que ambos já passaram dos cinquenta anos. A conversa, mediada pelo crítico de cinema Rodrigo Fonseca, contou com as presenças dos dois esportistas, além de Machado e dos produtores Lázaro Ramos, Diana Gurgel, Joana Mariani e Eliane Ferreira.

Fonseca deu início à discussão perguntando a Machado sobre a gênese da ideia. O cineasta contou que tudo começou em um jantar entre ele, Lázaro Ramos e Wagner Moura, no qual debateram a possibilidade de fazerem um filme de ficção com os atores interpretando Holyfield e Todo Duro, respectivamente. Afirmou também que, uma vez iniciada a pesquisa para o roteiro, percebeu a verdadeira extensão e potencialidade do material.

Questionado sobre a parceria com Machado, Ramos – que já havia trabalhado com o realizador em Madame Satã, Cidade baixa e Tudo que aprendemos juntos – afirmou que ambos compartilham de grande carinho pelos personagens dos projetos nos quais colaboram e que esse olhar afetuoso se estende ao documentário. Acrescentou ainda que a história dos lutadores é de superação e sobrevivência, “a fundação do que somos nós, brasileiros”. 

A rivalidade entre Todo Duro e Holyfield não deixou de se manifestar durante o debate. Todo Duro provocou o adversário em diversos momentos, prometendo “matá-lo” na próxima luta, marcada para o fim do ano em Salvador. Holyfield, por sua vez, tentava apaziguar a situação dizendo que aquilo se resolveria dentro do ringue. Devido à tendência que ambos têm de partirem para a agressão física quando se encontram, foram colocados um de cada lado de Machado. 

Incentivadas por Fonseca, as produtoras do filme entraram em detalhes sobre o processo de realização. Ferreira contou que o documentário foi feito por empresas de vários estados e financiado através de diversos editais públicos, informando que as filmagens acompanharam cada lutador por dez dias, entre janeiro e fevereiro do ano passado, captando posteriormente a luta que dá título ao filme, em agosto. Mariani revelou que o nome do filme sempre seria esse, mesmo quando, inicialmente, não estava planejada nenhuma luta entre Holyfield e Todo Duro. Gurgel acrescentou que o projeto se transformou durante as filmagens, em grande parte graças às ações dos protagonistas, que decidiram marcar uma revanche. Ferreira, Mariani e Gurgel também afirmaram que estão se reunindo para pensar numa estratégia de distribuição para o filme, que julgam ter grande potencial de sucesso, devendo para isso chegar até o público, principalmente às pessoas que moram próximas aos lutadores.

Por fim, Todo Duro e Holyfield teceram comentários sobre suas vidas, carreiras e a emblemática rivalidade. Todo Duro explicou que muitos dos insultos e brigas fora dos ringues sempre foram parte do espetáculo, levando mais pessoas para assistirem às lutas. Holyfield, por sua vez, discorreu emocionado sobre sua criação humilde junto de sete irmãos, o abandono dos estudos e o início da carreira no boxe. Agradeceu também a oportunidade de conhecer Machado e Ramos, que levaram às telas a história de seu bairro, de seu povo e de como ele e seu rival fizeram “uma grande festa”.

Texto: Vinícius Spanghero

Fotos: Dave Avigdor




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