Documentários musicais marcam presença no Festival 2015 James Brown, Janis Joplin, Arcade Fire e muitos outros estarão em filmes espalhados por todas as mostras
O Festival do Rio, desde sempre, tem por tradição programar e exibir documentários dedicados a música. Passaram por aqui em anos recentes Procurando Sugar Man (2012) e A um passo do estrelato (2013), antes de ganharem o Oscar de melhor documentário, e filmes sobre astros como David Bowie, Björk, Nick Cave, Michael Jackson, Bob Marley, entre muitos outros.
Este ano não podia ser diferente. Nada menos que dez documentários musicais estão espalhados pela programação do Festival, em várias mostras. Confira os destaques:
James Brown: Mr. Dynamite, de Alex Gibney – Midnight Docs
Pioneiro da evolução do rhythm and blues para o funk, James Brown mudou para sempre a cara da música norte-americana. Este documentário acompanha sua jornada, fugindo da pobreza de sua infância, no sul dos EUA, até se tornar o maior nome da soul music e um dos músicos mais importantes do século XX. Utilizando-se de filmagens e fotos de shows inéditas, antigas entrevistas de Brown em diversos momentos de sua carreira, e novas entrevistas de companheiros de banda e outras pessoas próximas ao mito, o filme conta a impressionante história deste ícone supremo da música mundial.
Janis Joplin: Little Girl Blue, de Amy Berg – Midnight Docs
Janis Joplin foi um dos ícones mais influentes do rock de todos os tempos, mas sua marca na cultura mundial vai muito além. Ela inspirou uma geração e abriu portas para roqueiras do mundo inteiro que surgiram depois. Acima dos turbulentos casos amorosos e vícios, estava seu profundo comprometimento com sua música, até sua morte repentina aos 27 anos. Neste documentário, a própria Janis narra sua história através de cartas que escreveu para a família, amigos e amores. E a cantora Chan Marshall/Cat Power empresta sua voz para a leitura dessas cartas. Exibido nos festivais de Veneza e Toronto 2015.
The Reflektor Tapes, de Kahlil Joseph – Midnight Docs
Em 2004, o mundo ainda não conhecia o Arcade Fire, o que logo mudaria. Com o lançamento do álbum Funeral, a banda de Montreal ficaria conhecida internacionalmente. Agora, três álbuns, um Grammy e uma década depois, o grupo está terminando seu mais novo disco, Reflektor, e se preparando para sair em turnê. Este documentário acompanha o Arcade Fire em seus momentos finais no estúdio preparando mais um sucesso. Logo a banda está viajando para Jamaica, Londres e Estados Unidos. O filme capta toda a energia do casal Win Butler e Régine Chassagne, em material totalmente inédito. Festival de Toronto 2015.
Cockpit, de Sho Miyake – Midnight Docs
Estamos em um pequeno apartamento na periferia de Tóquio que mais parece a cabine de um piloto de avião. Através de uma série de planos estáticos, observamos e testemunhamos o processo de criação de uma canção de hip-hop. Desde o desenvolvimento da escrita, passando pela criação da batida, até a gravação em si, o filme oferece um olhar único sobre o processo criativo de um grupo de jovens músicos japoneses. Com uma visão reservada e ao mesmo tempo potente, o diretor Sho Miyake proporciona uma apreciação profunda da arte do hip-hop.
Argentina, de Carlos Saura – Panorama: Grande Mestres
Explorando a profunda magia da música popular, o cineasta espanhol Carlos Saura (Cria corvos, Amor bruxo) adentra o folclore argentino em um passeio fascinante pelo passado, presente e futuro de um gênero que marcou sua juventude. O encontro de Saura com alguns dos maiores artistas e grupos da Argentina e com o rico repertório do gênero nos permite uma visão particular de uma arte que tem a idade dos povos que lhe deram origem, criando assim um documento cultural para o futuro. Saura dá continuidade aqui à sua exploração musical, depois de filmes como Tango, Fados e Flamenco, flamenco.
Doug Aitken – De estação em estação, de Doug Aitken – Itinerários Únicos
Sessenta e dois curtas de um minuto registram o projeto idealizado pelo artista plástico Doug Aitken, autor da obra Sonic Pavillion, em Inhotim. Durante 24 dias e por 4 mil milhas, um trem cruzou os EUA, do Atlântico ao Pacífico. Pelo caminho, embarcaram e desembarcaram artistas, músicos e performers. A cada parada, fosse em grandes cidades ou remotas áreas, shows e eventos culturais inusitados foram montados para o público local, como o do músico Beck regendo um coral gospel no Deserto de Mojave. Com Cat Power, Patti Smith, Ernesto Neto e Giorgio Moroder, entre outros. Sundance Film Festival 2015.
Paco de Lucía, A busca, de Francisco Sánchez Varela – Itinerários Únicos
Um olhar íntimo e afetuoso sobre a vida do lendário guitarrista flamenco Paco de Lucía. Dirigido por seu filho, Curro Sanchez Varela, o filme se utiliza de raras imagens de arquivo para contar a história do menino humilde de Andaluzia que pegou um violão aos 7 anos para se tornar uma estrela internacional. Valiosas imagens gravadas ao longo de sua vida e depoimentos de Carlos Santana, Ruben Blades, Alejandro Sanz, John McLaughlin e Estrella Morente completam esta homenagem carinhosa a este verdadeiro gênio musical. Prêmio Goya de melhor documentário 2015.
Terão de nos matar primeiro, de Johanna Schwartz – Fronteiras
Em 2012, jihadistas tomaram o controle da região norte do Mali, impondo uma das leituras mais radicais da sharia em toda a história. Em 12 de agosto daquele ano, eles baniram a música, destruindo estações de rádio, queimando instrumentos e matando e torturando músicos. Os sobreviventes foram forçados a se esconder ou se exilar. Este filme acompanha um grupo de artistas em sua luta para manter viva a música do país: os bastidores da primeira turnê europeia de uma jovem banda e a coragem de duas cantoras que realizaram o primeiro show em Timbuktu desde a chegada da Jihad. SXSW 2015.
Chico – Artista brasileiro, de Miguel Faria Jr. – Filme de Abertura
Personagem fundamental da cultura brasileira nos últimos 50 anos, autor, dramaturgo e compositor de uma extraordinária coleção de canções, Chico Buarque dialoga com a própria memória neste filme de Miguel Faria Jr. O longa tem como eixo central o último romance de Chico, O irmão alemão, cujos trechos, narrados em off por Marília Pêra, ajudam a reconstruir a trajetória do artista. “É um artista revisitando a sua própria história do ponto de vista da maturidade”, resume o diretor, que em 2005 assinou o bem-sucedido documentário sobre Vinicius de Moraes.
Pedra que samba, de Camila Agustini e Roman Lechapelier – Rio 450
Um passeio pelo Circuito da Herança Africana no antigo porto do Rio de Janeiro revela a roda de samba da Pedra do Sal. Uma voz de uma escrava evoca o passado. Construções viram pó. Ficam as pessoas. E o samba.
Além desses títulos, outros dois filmes da programação também tem forte caráter musical: Love & Mercy, de Bill Pohlad, conta a história de Brian Wilson, líder dos Beach Boys, com Paul Dano e John Cusack no papel do músico; e o curta-metragem brasileiro Dá licença de contar, de Pedro Serrano, que recria o universo de canções de Adoniran Barbosa.
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