Publicado em 29/09/2013

O primeiro dia dos debates do Cine Encontro dedicados aos filmes da Premiere Brasil na Sede do Festival (domingo, 29) se iniciou com uma mesa em torno do documentário Histórias de arcanjo, que aborda a trajetória profissional do jornalista Tim Lopes, assassinado em 2002 por conta de uma série de reportagens suas sobre a questão do tráfico de drogas no Rio de Janeiro.

Marcos Didonet, diretor do Festival, abriu o evento falando sobre a história do Cine Encontro e ressaltando a importância da manutenção desse espaço de intercâmbio entre público e realizadores no Festival do Rio.

A mediadora, Cristina Grillo, jornalista da Folha de S. Paulo, confessou sua emoção ao assistir ao documentário, que lhe relembrou bons momentos de sua convivência profissional com Tim Lopes. Já o produtor, Emilio Gallo, contou um pouco do processo de realização do filme, que surgiu com a ideia do diretor Guilherme Azevedo de homenagear o jornalista, seu colega de trabalho, o que o levou a propor ao filho de Lopes, Bruno Quintella, a parceria que deu origem à obra.

Maria Byington, pesquisadora, salientou a importância do trabalho de Sandra Quintella, ex-mulher de Lopes e mãe de Bruno, cujo acervo sobre a carreira do jornalista se revelou essencial para o desenvolvimento da pesquisa. Byinton sublinhou ainda a relevância das reportagens de Lopes e sua enorme atualidade. “Eu vejo o jornalismo dele como uma militância política”, disse. Nessa direção, a mediadora atentou para o fato de que as pautas jornalísticas de Lopes não eram comuns à época e o produtor lembrou que o repórter foi um dos primeiros contratados de um veículo grande de imprensa a dar voz em suas matérias a grupos excluídos.

Esse ponto também foi abordado por Sandra Quintella, que falou ainda sobre a experiência do filho Bruno, que assina o roteiro do filme e conduz os depoimentos apresentados. Segundo ela, o documentário foi uma forma encontrada pelo filho para conhecer melhor o pai, e apresentar a vida de Lopes, até então desconhecida do público, que teve acesso apenas às circunstâncias da sua morte. “O Bruno descobriu um novo pai”, afirmou.

Por fim, o produtor Emilio Gallo falou sobre o projeto de editar um livro com os muitos depoimentos que não couberam na versão final do filme, assim como utilizar o material para uma série de televisão, e expressou sua admiração pelo retratado. “O Tim é um ídolo para nós, jornalistas. Ele se colocava no lugar no outro”, arrematou.

Texto: Maria Caú

Fotos: Viviane Laprovita




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