Discussões políticas e público participativo no Cine Encontro de ontem no Oi Futuro Realizadores debateram 99% - o filme colaborativo do Occupy Wall Street, da mostra Fronteiras
Na noite de sexta-feira (04) um público animadíssimo foi ao Oi Futuro Ipanema para discutir 99% - o filme colaborativo do Occupy Wall Street com seus realizadores, Aaron Aites e Audrey Ewell, e com os membros do Instituto dos Defensores dos Direitos Humanos Carlos Eduardo Martins e Luisa Maranhão.
Aites e Ewell começaram sublinhando que estavam muito felizes em exibir sua produção no Brasil, e destacaram especial interesse em entender melhor as recentes movimentações sociais no país, dispondo-se a ouvir as informações e pontos de vista da plateia.
“Esse filme foi uma grande reflexão”, salientou Carlos, pontuando fatores apresentados no documentário que se relacionam com a situação brasileira, como a inserção da economia na política, a criminalização das manifestações e, mais atual do que nunca, a luta pela educação e pela dignidade da carreira docente. Em uma comparação com os EUA, ele destacou diversas semelhanças: “O ‘Não são só 20 centavos’ é o nosso 99%”, disse, concluindo que o Occupy é uma questão de foro mundial.
O público participou ativamente da conversa, e contribuiu para o fluxo de troca de experiências e opiniões. Assuntos como a reação repressora do governo e da polícia aos movimentos foram muito discutidos, bem como o papel da mídia e das corporações neste momento da sociedade. Falou-se também sobre as reuniões Occupy no Brasil, a participação de coletivos estudantis e culturais, a Mídia Ninja e os Black Blocs. Várias gerações dialogaram, e as mais velhas declararam sentir-se estimuladas pelo pensamento político revigorado da juventude.
Luisa Maranhão destacou o momento de conflito que vivemos, mas observou que, ao ver o filme, surpreendeu-se com as pequenas vitórias conquistadas pelo Occupy dos Estados Unidos: “Eu vi ali esperança, e eu acho que é dela que temos que nos alimentar”.
Os realizadores destacaram também a coletividade voluntária da produção e da montagem das imagens, e mencionaram a importância de se construir uma narrativa para os acontecimentos em ebulição, criando assim uma organização da memória social. Os dois ainda deram dicas e conselhos aos que demonstraram interesse na área do audiovisual ligado aos movimentos sociais.
Texto: Juliana Shimada
Voltar