Publicado em 09/10/2024

Meu Lugar é Aqui, de Daniela Porto e Cristiano Bortone
Meu Lugar é Aqui, de Daniela Porto e Cristiano Bortone

Por Rodrigo Torres

Um dos principais destaques da Presença Italiana no Festival do Rio 2024, Meu Lugar é Aqui (Il Mil Posto é Qui) é dirigido por um casal: o cineasta Cristiano Bortone, multipremiado com o filme Vermelho como o Céu (Rosso come il cielo, 2006); e a escritora Daniela Porto, autora do livro homônimo que rendeu o longa-metragem estrelado por Marco Leonardi e Ludovica Martino.

“Ela me falou: faz o filme depois do livro. Eu disse que sim, mas com uma condição: ‘Você vai dirigir comigo’. Porque a história é de mulheres. Quem sou eu para interpretar uma visão e uma sensibilidade que são totalmente femininas?”, diz o diretor, presente no Festival do Rio, revelando um olhar bastante consciente com o mundo em que vivemos e coerente com a proposta de seu filme.

Meu Lugar é Aqui, de Daniela Porto e Cristiano Bortone
Meu Lugar é Aqui, de Daniela Porto e Cristiano Bortone

Meu Lugar é Aqui retrata a amizade improvável entre a jovem Marta — uma mãe solteira prometida a um fazendeiro mais velho depois da Segunda Guerra Mundial — e Lorenzo, o cerimonialista assumidamente gay no sul rural da Itália dos anos 1940. Lorenzo encoraja Marta a superar os preconceitos e encontrar seu lugar no mundo naquele cenário conservador, bem no primeiro ano do sufrágio feminino no país.

“É uma história muito atual. Acho que mais atual do que antes”, ele diz. “Parece que agora, paradoxalmente, as nossas sociedades estão voltando no tempo, por causa da política e dessa mentalidade muito conservadora que está crescendo em todo o mundo. Não é somente em países mais fechados como o Afeganistão que a mulher está perdendo espaço, infelizmente”, reflete o diretor, que vê no cinema uma forma de se levantar contra injustiças.

Meu Lugar é Aqui, de Daniela Porto e Cristiano Bortone
Meu Lugar é Aqui, de Daniela Porto e Cristiano Bortone

“Depois de tantos filmes, livros, discussões e lutas, hoje nós estamos caminhando para trás. Então, eu acho que nós, cineastas, temos uma grande responsabilidade: seguir em frente”, diz ele, lembrando que muitas pessoas protestam contra filmes sobre mulheres ou homossexuais, alegando que são muitos lançamentos com essas temáticas. “Não é assim! No momento que você para de discutir esses assuntos, você dá espaço, automaticamente, para um discurso alternativo. Se você não tem voz, o outro olhar ganha espaço no imaginário da sociedade”.

Apesar de abordar temas sensíveis (ou por causa disso), Cristiano Bortone gosta de encerrar seus filmes com uma mensagem de esperança — e é isso que você pode esperar de Meu Lugar é Aqui: “Eu não gosto de fazer dramas tristes. Eu gosto de fazer filmes que deixem o público para cima, com uma emoção forte, com um sentimento de que pode mudar alguma coisa”, diz ele, encerrando o bate-papo com uma confissão sobre o seu olhar artístico:

Meu Lugar é Aqui, de Daniela Porto e Cristiano Bortone
Meu Lugar é Aqui, de Daniela Porto e Cristiano Bortone

“Eu amo final feliz. Eu amo a catarse. Porque nós sabemos que a vida não tem sentido, mas, naquelas duas horas, nós podemos achar que tem, sim. Se o filme tem uma lógica, uma estrutura, um final, ele pode ter uma esperança, sim. Yes, we can! Nós podemos mudar as coisas. Mas nós temos que lutar por isso”.

Para ver essa mensagem bonita que Daniela Porto e Cristiano Bortone deixaram para nós em seu novo filme, você não pode perder a sessão de Meu Lugar é Aqui hoje, às 21h15, em Botafogo. Confira as próximas sessões do filme:

QUA (09/10) 21:15 Cinesystem Praia de Botafogo 5
SEX (11/10) 14:00 Estação NET Botafogo 1

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