Publicado em 07/08/2024

Dia Nacional do Documentário Brasileiro: relembre todos os longas-metragens documentais que venceram o Troféu Redentor no Festival do Rio

Por João Vitor Figueira

O cinema documental nacional é responsável por algumas das mais importantes páginas da história do audiovisual brasileiro e exerce um importante papel ao instigar reflexões e contribuir para a preservação da memória nacional. Além disso, o formato do documentário, ao usar a realidade como matéria-prima, também pode entreter, emocionar e deixar no público um impacto tão duradouro e transformador quanto dramas, comédias, suspenses e outros gêneros do cinema ficcional.

Nesta quarta-feira, dia 7 de agosto, é celebrado o Dia Nacional do Documentário Brasileiro. A escolha da data faz menção ao dia do nascimento do cineasta Olney São Paulo (1936 - 1978), um dos maiores documentaristas do Brasil, que se notabilizou por sua denúncia das mazelas sociais do país. A data foi instituída pela Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas (ABD) no ano de 2011.

Por sua postura combativa, em especial em função do conteúdo do média-metragem Manhã Cinzenta (1969), um libelo contra o autoritarismo, Olney foi perseguido pela ditadura militar. O regime chegou a prender e torturar o realizador, que contraiu, na cadeia, uma pneumonia que evoluiu, anos depois, para um câncer no pulmão que abreviaria sua vida aos 41 anos.

O cinema documental e o Festival do Rio

No Festival do Rio, o cinema documental ocupa um lugar de destaque desde a primeira edição do evento em 1999, contribuindo para a valorização e visibilidade do formato desde seus primórdios.

No ano de 2014, o Festival do Rio instituiu, no âmbito da Première Brasil, o prêmio de Melhor Direção de documentário, uma categoria com holofote para o trabalho de realizadores e realizadoras que se destacam no gênero. Naquela ocasião, o prêmio foi pela cineasta Theresa Jessouroun por seu trabalho em À Queima Roupa.


Theresa Jessouroun foi a primeira pessoa a vencer o Troféu Redentor de Melhor Direção de Documentário  — Foto: Rogerio Resende/R2Foto/Festival do Rio

Mesmo antes da criação da categoria de Melhor Direção de Documentário na Première Brasil, cineastas que competiam com trabalhos documentais chegaram a se destacar na disputa do Prêmio de Melhor Direção, superando colegas que competiam com filmes de ficção. Foi o que aconteceu nas edições de 2012 e 2003 do Festival do Rio, quando Eryk Rocha (com o filme Jards) e Guilherme Coelho (com Fala Tu) venceram o prêmio máximo de direção.

Eryk Rocha venceu o Troféu Redentor de Melhor Direção por seu trabalho no documentário Jards Foto: Festival do Rio/Renata Abreu
Eryk Rocha venceu o Troféu Redentor de Melhor Direção por seu trabalho no documentário Jards — Foto: Festival do Rio/Renata Abreu

Uma das personalidades mais premiadas da história do Festival do Rio é justamente uma documentarista, a cineasta carioca Susanna Lira. Com o filme Torre das Donzelas — obra sobre o reencontro de ex-prisioneiras políticas detidas na ala feminina do Presídio Tiradentes, em São Paulo, pela ditadura militar —, a diretora venceu o Troféu Redentor de Melhor Documentário pelo Júri Oficial e pelo Júri Popular e o prêmio de Melhor Direção de Documentário na edição de 2018 do festival.


Susana Lira após a premiação no Festival do Rio 2018, ano em que a cineasta venceu o Troféu Redentor três vezes — Foto: Reprodução/Instagram @susannalira

Outro trabalho de Lira, o documentário Positivas, venceu o prêmio da categoria pelo Júri Popular em 2010. A cineasta ainda recebeu uma menção honrosa no Festival do Rio 2013 por seu trabalho em Damas do Samba e integrou o Júri Oficial da Première Brasil na edição de 2019 do evento, presidido pela produtora Mariza Leão.


Eduardo Coutinho recebe o Troféu Redentor no Festival do Rio 2011 — Foto: Festival do Rio

Além de Torre das Donzelas, outros dois filmes caíram nas graças do Júri Oficial e do público do festival, faturando o Troféu Redentor de melhor documentário em ambas as categorias: As Canções, penúltimo filme rodado e última obra finalizada pelo saudoso Eduardo Coutinho, e Dzi Croquettes, obra de Tatiana Issa e Raphael Alvarez sobre o irreverente e contestador grupo de teatro que dá nome ao longa.

Com uma lista que reflete a força, relevância e diversidade do cinema documental brasileiro, relembre todos os longas-metragens vencedores do Troféu Redentor de melhor documentário no Festival do Rio.

  • Othelo, o Grande, de Lucas H. Rossi dos Santos
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2023

Othelo, o Grande, de Lucas H. Rossi dos Santos


  • Exu e o Universo, de Thiago Zanat
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2022



  • Ressaca, de Patrizia Landi e Vincent Rimbaux
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2019


  • Favela é Moda, de Emílio Domingos
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2019

Favela é Moda, de Emílio Domingos


  • Torre das Donzelas, de Susanna Lira
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2018
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2018

Torre das Donzelas, de Susanna Lira


  • Piripkura, de Mariana Oliva, Renata Terra e Bruno Jorge
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2017

Piripkura, de Mariana Oliva, Renata Terra e Bruno Jorge


  • Dedo na Ferida, de Silvio Tendler
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2017

Dedo na Ferida, de Silvio Tendler


  • A Luta do Século, de Sérgio Machado
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2016

A Luta do Século, de Sérgio Machado


  • Divinas Divas, de Leandra Leal
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2016

Divinas Divas, de Leandra Leal


  • Olmo e a Gaivota, de Petra Costa
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2015



  • À Queima Roupa, de Theresa Jessouroun
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2014

À Queima Roupa, de Theresa Jessouroun


  • Favela Gay, de Rodrigo Felha
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2014




  • Hélio Oiticica, de Cesar Oiticica Filho
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2012

Hélio Oiticica, de Cesar Oiticica Filho


  • Dossiê Jango, de Paulo Henrique Fontenelle
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2012

Dossiê Jango, de Paulo Henrique Fontenelle


  • As Canções, de Eduardo Coutinho
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2011
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2011

As Canções, de Eduardo Coutinho


  • Diário de Uma Busca, de Flávia Castro
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2010

Diário de Uma Busca, de Flávia Castro


  • Positivas, de Susanna Lira
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2010

Positivas, de Susanna Lira


  • Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez; Reidy, a Construção da Utopia, de Ana Maria Magalhães
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2009 (ambos)
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2009 (apenas Dzi Croquetes)

Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez; Reidy, a Construção da Utopia, de Ana Maria Magalhães


  • Estrada Real da Cachaça, de Pedro Urano
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2008

Estrada Real da Cachaça, de Pedro Urano


  • Loki - Arnaldo Baptista, de Paulo Henrique Fontenelle
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2008

Loki - Arnaldo Baptista, de Paulo Henrique Fontenelle

Leia também: No Dia Internacional do Rock, relembre filmes sobre rock 'n' roll que marcaram o Festival do Rio


  • Condor, de Roberto Mader
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2007

Condor, de Roberto Mader


  • Memória Para o Uso Diário, de Beth Formaggini
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2007

Memória Para o Uso Diário, de Beth Formaggini

  • À Margem do Concreto, de Evaldo Mocarzel
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2006

À Margem do Concreto, de Evaldo Mocarzel


  • Fabricando Tom Zé, de Decio Matos Jr.

    Melhor Documentário - Júri Popular, 2006

Fabricando Tom Zé, de Decio Matos Jr.


  • 500 Almas, de Joel Pizzini
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2005

500 Almas, de Joel Pizzini


  • Do Luto à Luta, de Evaldo Macarzel
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2005

Do Luto à Luta, de Evaldo Macarzel


  • Estamira, de Marcos Prado
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2004

Estamira, de Marcos Prado


  • Fábio Fabuloso, de Antonio Ricardo, Pedro Cezar e Ricardo Bocão

    Melhor Documentário - Júri Popular, 2004

Fábio Fabuloso, de Antonio Ricardo, Pedro Cezar e Ricardo Bocão


  • À Margem da Imagem, de Evaldo Mocarzel
    Melhor Documentário - Première Brasil, Júri Oficial, 2003


  • Fala Tu, de Guilherme Coelho
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2003


  • Ônibus 174, de José Padilha
    Melhor Documentário - Júri Popular 2002


  • Onde a Terra Acaba, de Sérgio Machado
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2001


  • O Sonho de Rose - 10 Anos Depois, de Tetê Moraes
    Melhor Documentário - Júri Popular, 2000


  • Paralamas em Close-Up, de Andrucha Waddington, Breno Silveira e Claudio Torres
    Melhor vídeo documentário em vídeo, 1999




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