Publicado em 03/10/2024

Tudo Vai Ficar Bem, de Ray Yeung
Tudo Vai Ficar Bem, de Ray Yeung

Por Rodrigo Torres e João Vitor Figueira

Ao longo das últimas semanas, publicamos uma série de listas para você conhecer a programação completa do 26º Festival do Rio. Indicamos títulos sobre personagens femininas fortes, de temática LGBQTIAPN+, alguns coming-of-age e outros específicos sobre música, crimes reais e até geopolítica. Se você está sempre de olho nos festivais internacionais, conheça os lançamentos de Cannes, Berlim, Veneza e Sundance que você verá primeiro no FestRio 2024. Aqui você encontra clássicos e cults e os filmes de diretores promissores. Destrinchamos a Premièra Latina e, claro, apresentamos a nossa menina dos olhos: os integrantes da Première Brasil. Se você gosta de desbravar, é só clicar!

Como o Festival do Rio 2024 começa hoje e a maratona, amanhã, chegou a hora de facilitar a sua vida, começando pelos critérios principais ao se montar uma programação: “A minha dica essencial é você correr atrás dos sites confiáveis que programam estreias e, literalmente, abrir mão das coisas que já vão estrear”, afirma Francisco Carbone, da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Em seguida ele pondera: “Mas eu também acho que a gente tem que abrir umas exceções para filmes mais badalados, porque somos todos filhos de Deus”, ele diz, sorrindo.

“Minha dica número 1 em festivais de cinema: se você quer muito ver um filme, veja, porque previsão de estreia é o que mais muda no nosso circuito”, diz Chico Fireman. Em sua página Filmes do Chico, o crítico da Abraccine e da Fipresci também dá dicas de sobrevivência aos cinéfilos que pretendem ver muitos filmes por dia: “Eu gosto de me sentar na poltrona ao lado do corredor para o caso de ter que correr. E, na hora de fechar a programação do dia, se não der para ver dois ou mais filmes no mesmo cinema, vá em cinemas próximos — evite o ziguezague”, ele alerta.

Dicas anotadas? Agora confira os longas-metragens do Festival do Rio 2024 que 15 críticos de cinema consideram imperdíveis e por quê, para você se orientar e se motivar a montar sua própria lista. Só não tem filmes da competição oficial da Première Brasil e da mostra Novos Rumos, para não interferir no julgamento dos vencedores do Troféu Redentor no outro domingo, 13 de outubro, último dia da 26ª edição do festival.

As Aventuras de uma Francesa, de Hong Sang-Soo
As Aventuras de uma Francesa, de Hong Sang-Soo

Ana Rodrigues (ACCRJ)

Eles Não Usam Black-Tie, de Leon Hirszman
A Opinião Pública, de Arnaldo Jabor
As Aventuras de uma Francesa, de Hong Sang-Soo
Meu Bolo Favorito, de Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha
Alma do Deserto, de Mónica Taboada Tapia
The Seed of the Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof
Parthenope, de Paolo Sorrentino
The End - Cinema Capacete, de Joshua Oppenheimer
Tudo Vai Ficar Bem, de Ray Yeung
O Monge e a Arma, de Pawo Choyning Dorji

"Uma seleção com o já visto e muitos a ver que contempla a excelência do cinema brasileiro histórico e nos diz sobre o hoje, celebrando a Cinemateca Brasileira. No cardápio, doses generosas do cinema asiático. Uma seleção com a diversidade que pulsa na tela e fora dela."

Ao Pó Voltaremos, de Carlos Marques-Marcet
Ao Pó Voltaremos, de Carlos Marques-Marcet

Chico Fireman (Filmes do Chico)

Ao Pó Voltaremos, de Carlos Marques-Marcet
O Cão Preto, de Guan Hu
Andrea Divorciada, de Josef Hader
Dormir de Olhos Abertos, de Nele Wohlatz
O Julgamento do Cachorro, de Laetitia Dosch
Linguagem Universal, de Matthew Rankin
Rainhas, de Klaudia Reynicke
A Verdadeira Dor, de Jesse Eisenberg
Trilha Sonora para um Golpe de Estado, de Jonah Grimonprez
Semana Santa, de Alejandra Márquez Abella

"Tentei escolher filmes que não são de diretores tão celebrados ou não têm tanto buzz ao seu redor, mas considero todos eles boas descobertas: alguns têm um olhar original, um grande timing ou temas relevantes; outros, uma sensibilidade muito particular que terminou me conquistando."

Leia mais: Expectativa: 10 filmes de diretores promissores para você assistir no Festival do Rio 2024

Bruxas, de Elizabeth Sankey
Bruxas, de Elizabeth Sankey

Yasmine Evaristo (Abraccine)

Bruxas, de Elizabeth Sankey
Emilia Pérez, de Jacques Audiard
Riefenstahl: Cinema e Poder, de Andres Veiel
Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal, de Raven Jackson
Assassina, de Eva Nathena
O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar
Vera e o Prazer dos Outros, de Romina Tamburello e Federico Actis
Dos Muros para Dentro, de Jawad Rhalib
Sempre Garotas, de Shuchi Talati
A Garota da Agulha, de Magnus Von Horn

"Minha lista traz uma diversidade de narrativas que, apesar de distintas em seus contextos e estilos, compartilham um elemento em comum: a centralidade das personagens femininas e seus dilemas. A escolha partiu da ideia de indicar títulos que em suas narrativas, explorassem temas como identidade, empoderamento, violência, sexualidade, luta por direitos e busca por felicidade, sempre sob a perspectiva das mulheres. As personagens são multifacetadas, se encontram geograficamente em lugares e culturas variadas e até mesmo são contraditórias em suas demandas, lutas e relações com outras mulheres. A relevância desta seleção reside na sua capacidade de visibilizar diversas experiências femininas, promover a reflexão sobre questões de gênero e celebrar a força e a complexidade feminina."

Riefenstahl: Cinema e Poder, de Andres Veiel
Riefenstahl: Cinema e Poder, de Andres Veiel

Lucas Salgado (O Globo)

As Aventuras de uma Francesa, de Hong Sang-Soo
Uma Bela Vida, Costa-Gavras
The Seed of the Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof
Riefenstahl: Cinema e Poder, de Andres Veiel
Janis – Amores de Carnaval, de Ana Isabel Cunha
A Opinião Pública, de Arnaldo Jabor
Paris, Texas, de Wim Wenders
Carta a un Viejo Master, de Paz Encina
Emilia Pérez, de Jacques Audiard
O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar

"O Festival do Rio são vários em um só. É a chance de ver sucessos de festivais internacionais, filmes cotados para o Oscar, reencontrar cineastas cultuados, mergulhar em documentários, rever clássicos restaurados e descobrir o melhor da produção nacional. Selecionar o que assistir é sempre um desafio."

Leia mais: Première Latina: com premiados em Berlim e Veneza, conheça todos os filmes da mostra latino-americana do Festival do Rio

Canina
Canina, de Marielle Heller

Kati Vianna (AdoroCinema)

Emilia Pérez, de Jacques Audiard
The Outrun, de Nora Fingscheidt
The Seed of the Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof
Todo Tempo que Temos, de John Crowley
O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar
O Aprendiz, de Ali Abbasi
Conclave, de Edward Berger
Herege, de Scott Beck e Bryan Woods
Canina, de Marielle Heller
A Garota da Vez, de Anna Kendrick

"O Festival do Rio é a oportunidade perfeita para ter um vislumbre dos filmes cotados para a temporada de premiações — a minha época favorita do ano. Em 2024, o evento carioca não decepciona e traz alguns dos títulos mais aguardados, além de algumas pérolas escondidas que merecem sua atenção ao mostrar a diversidade da cultura mundial."

Loucos por Cinema!
Loucos por Cinema!, de Arnaud Desplechin

Célio Silva (G1)

Emilia Pérez, de Jacques Audiard
O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar
Conclave, de Edward Berger
Caminho da Vida, de Min Bahadur Bham
Loucos por Cinema!, de Arnaud Desplechin
Paris, Texas, de Wim Wenders
Twiggy, de Sadie Frost
Canina, de Marielle Heller
Dublê de Anjo, de Tarsem Singh
The Seed of the Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof

"Escolhi tanto Emilia Pérez quanto The Seed of a Sacred Fig por serem filmes bastante premiados e que estão no páreo para conseguir uma vaga na categoria Melhor Filme Internacional do Oscar. O Quarto ao Lado é o primeiro filme falado em inglês de Pedro Almodóvar e acabou de ganhar o Festival de Veneza. Conclave, Caminho da Vida e Canina chamam a atenção por suas histórias fortes e criativas.Loucos por Cinema! também parte de uma premissa interessante e pode se tornar um dos sucessos do Festival. Paris, Texas, o clássico de Win Wenders em cópia restaurada, é imperdível para os cinéfilos, assim como Dublê de Anjo, de Tarsem Singh. O documentário Twiggy vale a conferida para o público conhecer a modelo que fez muito sucesso no passado e também por ser dirigido por Sadie Frost, que interpretou a personagem Lucy em Drácula de Bram Stoker. O público do festival poderá ver se ela se saiu melhor como diretora."

Viet e Nam
Viet e Nam, de Truong Minh Quý

Francisco Carbone (Abraccine)

Emilia Pérez, de Jacques Audiard
The Seed of the Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof
Conclave, de Edward Berger
Meu Bolo Favorito, de Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha
Viet e Nam, de Truong Minh Quý
No Lugar da Outra, de Maite Alberdi
O Império, de Bruno Dumont
O Crepúsculo do Pé Grande, de David Zellner e Nathan Zellner
Insubmissas, de Carol Benjamin, Tais Amordivino, Luh Maza, Julia Katharine e Ana do Carmo
September 5, de Tim Fehlbaum

"De cabeça, eu lembro que os filmes do Almodóvar, do Ali Abbasi e da Anna Kendrick estreiam logo depois do festival. Em tese, eu acho que não precisa dar prioridade a esses três filmes. Mas você pode perguntar: 'E Emília Pérez?' Tem estreia prevista só para fevereiro. 'E o Conclave?' A princípio, só estreia em dezembro, mas pode ir para janeiro. Então é isso, eu também acho que a gente tem que abrir umas exceções para filmes mais badalados, porque somos todos filhos de Deus — e esses dois filmes são necessariamente os filmes de abertura e de encerramento do festival. Enfim, é isso: na dúvida, sempre prefira ver o que não está garantido; mas, obviamente, o que lhe interesse. Não vale a pena ver um filme só por ver, só porque nunca vai estrear no Brasil."

O Império, de Bruno Dumont
O Império, de Bruno Dumont

Caio Muniz (Caio Pra Dentro)

O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar
Emilia Pérez, de Jacques Audiard
As Aventuras de uma Francesa, Hong Sang-soo
A Verdadeira Dor, de Jesse Eisenberg
Sempre Garotas, de Shuchi Talati
Tóxico, de Saulė Bliuvaitė
O Aprendiz, de Ali Abbasi
Tudo Vai Ficar Bem, de Ray Yeung
Meu Nome é Maria, de Jessica Palud
O Império, de Bruno Dumont

"São 10 anos que acompanho o Festival do Rio, e é sempre a oportunidade de ficar em dia com filmes que rodaram festivais pelo mundo e nas promessas do cinema brasileiro."

Leia mais: Saiba quais filmes exibidos e premiados em Cannes, Berlim e Veneza estão na programação do Festival do Rio 2024


Black Tea – O Aroma do Amor, de Abderrahmane Sissako

Janda Montenegro (Cabine Secreta)

O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar
O Maníaco do Parque, de Maurício Eça
Conclave, de Edward Berger
Emilia Pérez, de Jacques Audiard
Matem o Jóquei!, de Luis Ortega
Super-Man: A História de Christopher Reeves, de Ian Bonhôte e Peter Ettedg
Black Tea – O Aroma do Amor, de Abderrahmane Sissako
Transamazônia, de Pia Marais
Não Fale o Mal, de Christian Tafdrup
A Tristeza, de Rob Jabbaz

"Partindo do princípio de que todo bom cinéfilo já vai ver as produções em competição na Première Brasil, selecionei mais 10 filmes distintos por trazerem cores, sabores, perspectivas e narrativas distintas, de modo a dar um panorama de quais ventos sopram nas salas de cinema ao redor do mundo nos dias de hoje."

Um é Pouco, Dois é Bom, de Odilon Lopez
Um é Pouco, Dois é Bom, de Odilon Lopez

Pedro Butcher (Abraccine)

Architecton, de Victor Kossakovsky
As Aventuras de uma Francesa, de Hong Sang-Soo
Brincando nos Campos do Senhor, de Hector Babenco
Carta a un Viejo Master, de Paz Encina
Iracema, uma Transa Amazônica, de Orlando Senna e Jorge Bodanzky
Riefensthal: Cinema e Poder, de Andres Veiel
The Seed of the Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof
Três Quilômetros para o Fim do Mundo, de Emanuel Parvu
Trilha Sonora para um Golpe de Estado, de Johan Grimonperez
Um é Pouco, Dois é Bom, de Odilon Lopez

"Essa lista é uma combinação de filmes já vistos e outros que estão no radar de interesse e curiosidade. Detalhe: a programação de obras restauradas, este ano, está especialmente interessante."

Leia mais: Paris, Texas: clássico de Wim Wenders que completa 40 anos de lançamento será exibido no Festival do Rio 2024


Malês, de Antônio Pitanga

Renato Hermsdorff (Canal Like)

Conclave, de Edward Berger
Emilia Pérez, de Jacques Audiard
A Herança, de João Cândido Zacharias
Janis – Amores de Carnaval, de Ana Isabel Cunha
Malês, de Antônio Pitanga
Maré Alta, de Marco Calvani
Parthenope, de Paolo Sorrentino
O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar
A Verdadeira Dor, de Jesse Eisenberg
A Vilã das Nove, de Teodoro Poppovic

"Como quatro atrizes (Selena Gomez inclusa) foram capazes de dividir o prêmio de Melhor Interpretação Feminina em Cannes? Emilia Pérez é a resposta. Especular sobre os bastidores de um conclave para escolher um novo papa pode render uma trama interessante, com múltiplas possibilidades de ramificações. A Herança é um terror made in Brazil, que chega com a promessa de frescor. Tem documentário sobre a passagem de Janis Joplin pelo Brasil nos anos 1970, com depoimento de Alcione. Quem não quer saber sobre o encontro entre essas duas lendas? Malês é a versão de um ícone nacional — Antônio Pitanga na cadeira de diretor — sobre um dos episódios mais relevantes (e sub debatidos) da história brasileira. Maré Alta é a primeira parceria profissional do casal Marco Calvani e Marco Pigossi, e tem arrancado suspiros da crítica internacional. Parthenope é o primeiro filme do Paolo Sorrentino (A Grande Beleza) com uma protagonista feminina. O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar, com Tilda Swinton e Julianne Moore. Se separados já causam, imagina juntos! A Verdadeira Dor é para os saudosos da série Succession, com Kieran Culkin sendo Kieran Culkin. E A Vilã das Nove traz a metalinguagem do inventivo Teodoro Poppovic (TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva) com um elenco de peso, que inclui Karine Teles, Camila Márdila e Alice Wegmann."


Trilha Sonora para um Golpe de Estado, de Jonah Grimonprez

Ricardo Cota (ACCRJ)

Loucos por Cinema!, de Arnaud Desplechin
Paris, Texas, de Wim Wenders
A Hora do Orvalho, de Marco Risi
Juventude: Tempos Difíceis, de Wang Bing
Juventude: De Volta ao Larl, de Wang Bing
Semana Santa, de Andrei Cohn
Eles Não Usam Black-Tie, de Leon Hirszman
Vera e o Prazer dos Outros, de Romina Tamburello e Federico Actis
Riefensthal: Cinema e Poder, de Andres Veiel
Trilha Sonora para um Golpe de Estado, de Jonah Grimonprez

"Arnaud Desplechin reflete sobre a relação entre ver e viver cinema em Loucos por Cinema. Os 40 anos do clássico Paris, Texas em cópia reluzente. Em A Hora do Orvalho, o diretor Marco Risi (filho do grande Dino, da obra-prima Aquele que Sabe Viver) faz um filme que reedita o melhor do cinema humanista italiano — o pai  aplaudiria. Juventude é um díptico de Wang Bing que faz uma imersão impressionante no juvenil mundo do desumano trabalho escravizado da China. Semana Santa, da Romênia, é uma crítica contundente à “tolerância hostil” que camufla o antissemitismo numa aldeia do século XIX, e uma aula de enquadramento e fotografia que remete a Rembrandt. Eles Não Usam Black-Tie é um primor de restauro na excelente mostra A Cinemateca é Brasileira: Resistências Cinematográficas. Vera e o Prazer dos Outros é uma fábula deliciosa, regada a fetichismo, em que uma jovem exercita seu voyeurismo alugando às escondidas um apartamento da mãe corretora para os coleguinhas fazerem o serviço. Riefenstahl é um documentário diligente sobre a “cineasta do Füher” — uma fonte inesgotável de polêmicas sobre ética e estética. Mas meu documentário favorito é Trilha para um Golpe de Estado, porque, além do tema, dá uma refrescada no gênero documental."

A Vilã das Nove, de Teodoro Poppovic
A Vilã das Nove, de Teodoro Poppovic

Vitória Pratini (Filmelier)

Emilia Pérez, de Jacques Audiard
The Seed of the Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof
Memórias de um Corpo Ardente, de Antonella Sudasassi Funiss
A Herança, de João Cândido Zacharias
A Vilã das Nove, de Teodoro Poppovic
O Retrato de Norah, de Tawfik Alzaidi
A Verdadeira Dor, de Jesse Eisenberg
No Nosso Sangue, de Pedro Kos
Armand e os Limites das Famílias, de Halfdan Ullmann Tøndel
Abraço de Mãe, de Christian Ponce 

"O Festival do Rio é a época do ano que eu mais frequento a sala de cinema, em tão curto período de tempo. Assim, aproveito para assistir nas telonas àqueles títulos aclamados que demorarão a estrear no circuito comercial ou que chegarão direto aos streamings. E, claro, para prestigiar os novos filmes brasileiros ao lado de alguns dos realizadores mais talentosos do país."


Abraço de Mãe, de Christian Ponce

Filippo Pitanga (ACCRJ)

Abraço de Mãe, de Christian Ponce
Memórias de um Corpo Ardente, de Antonella Sudasassi
O Ladrão de Cães, de Vinko Tomičić Salinas
Não Fale o Mal, de Christian Tafdrup
Câncer com Ascendente em Virgem, de Rosane Svartman
Filhos do Mangue, de Eliane Caffé
Black Tea, de Abderrahmane Sissako
Bird, de Andrea Arnold
Herege, de Scott Beck e Bryan Woods
Dublê de Anjo, de Tarsem Singh

"O Festival do Rio é formação de vida! Como profissional, foco sempre na Première Latina e no cinema de gênero, do fantástico ao terror, como objetos de pesquisa pessoal e curadoria do festival de que sou codiretor, o Cinefantasy, que já contou com intercâmbios com o Festival do Rio — inclusive nosso maior premiado ano passado: Augúrio, de Baloji. Este ano, indico o terror argentino Abraço de Mãe, com Marjorie Estiano; o representante da Costa Rica ao Oscar 2025, Memórias de um Corpo Ardente; o divo chileno Alfredo Castro em O Ladrão de Cães; o terror dinamarquês original Não Fale o Mal; os brasileiros Câncer com Ascendente em Virgem, com Marieta Severo, e Filhos do Mangue, novo de Eliane Caffé; nomes consagrados como Abderrahmane Sissako, com Black Tea, e Andrea Arnold, com Bird. Além do novo terror da A24 Herege, com Hugh Grant, e o cult restaurado Dublê de Anjo."


Memórias de um Corpo Ardente, de Antonella Sudasassi Funiss

Renata Boldrini (Telecine )

O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar
Linguagem Universal, de Matthew Rankin
Meu Bolo Favorito, de Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha
Memórias de um Corpo Ardente, de Antonella Sudasassi
Uma Bela Vida, Costa-Gavras
As Aventuras de uma Francesa, de Hong Sang-Soo
Armand e os Limites das Famílias, de Halfdan Ullmann Tøndel
Bird, de Andrea Arnold
O Aprendiz, de Ali Abbasi
Matem o Jóquei!, de Luis Ortega

"O Quarto ao Lado é Almodóvar, tem Tilda Swinton e Julianne Moore no elenco e levou o Leão de Ouro em Veneza — precisa de mais algum motivo? Estou curiosa também para Linguagem Universal, uma comédia surreal que entrelaça diversos personagens em histórias distintas com toques de suspense, recebendo muitos elogios em Cannes e saindo de lá premiado na Quinzena dos Realizadores. Meu Bolo Favorito é uma história de amor na terceira idade que fala de paixão, liberdade e transformação em meio ao regime autoritário do país, e saiu do Festival de Berlim com os prêmios do Júri Ecumênico e FIPRESCI. Memórias de um Corpo Ardente conta uma história delicada e poética sobre a sexualidade através de 3 mulheres maduras, e levou o Prêmio do Público na mostra Panorama do Festival de Berlim desse ano. Sempre tenho interesse em ver os filmes do Costa-Gavras, e agora, em Uma Bela Vida, ele vem com uma espécie de diálogo filosófico entre um médico e um escritor. O sul-coreano As Aventuras de uma Francesa levou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim desse ano. Premiado com o Caméra d'Or em Cannes, Armand e os limites das famílias é um filme norueguês que gira em torno de um incidente entre duas crianças numa escola, desencadeando uma série de eventos que prometem deixar a gente grudado na tela do cinema. Andrea Arnold é uma diretora muito interessante, foi premiada 4 vezes em Cannes, e este ano concorreu novamente com Bird e recebeu muitos elogios da crítica por lá. O filme ainda traz o queridinho do momento Barry Keoghan no elenco. Estou curiosíssima pra ver O Aprendiz, sobre a trajetória do Donald Trump desde jovem até se tornar o presidente dos Estados Unidos — quem dirige é o iraniano Ali Abbasi, que também dirigiu episódios da série The Last of Us e o premiado filmaço Holy Spider. Matem o Jóquei! é o novo filme do argentino Luis Ortega, o mesmo de O Anjo, concorreu e foi muito elogiado em Veneza com a história de um jóquei famoso mas autodestrutivo que vai passar por uma reviravolta na vida após um acidente no dia da corrida mais importante de sua carreira."


A Contadora de Filmes, de Lone Scherfig

Ale Shcolnik (Rota Cult)

O Aprendiz, de Ali Abbasi
Tudo Vai Ficar Bem, de Ray Yeung
A Garota da Vez, de Anna Kendrick
A Balada do Espião, de Takashi Miike
Paris, Texas, de Wim Wenders
Dublê de Anjo, de Tarsem Singh
Viet e Nam, de Truong Minh Quý
O Retrato de Norah, de Tawfik Alzaidi
A Contadora de Filmes, de Lone Scherfig
Um Filme Inacabado, de Lou Ye

"Gosto de buscar filmes de determinados diretores que eu gosto, como Almodóvar, que vai estar este ano no festival, eu gosto de ver o Woody Allen, por exemplo, e eu gosto muito do cinema bollywoodiano em geral. Aliás, eu adoro o cinema asiático, acho que ele tem um olhar diferente do mundo. Mas, ainda assim, eu gosto de dar uma pincelada no geral. E eu tenho ido muito pelo aspecto político e social dos filmes, principalmente em relação ao feminismo, que é um tema que me pega bastante."

Leia mais: Mulheridades plurais: veja 15 filmes que abordam as nuances e complexidades da experiência feminina no Festival do Rio 2024


Capitão Bandeira Contra o Dr. Moura Brasil, de Antonio Calmon

Luiz Carlos Merten (Estadão)

The Seed of the Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof
Architecton, de Victor Kossakovsk
Bird, de Andrea Arnold
De Volta a Alexandria, de Tamer Raggli
Emilia Pérez, de Jacques Audiard
O Cão Preto, de Hu Guan
O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar
Humphrey Bogart: A Vida Vem em Flashes, de Kathryn Ferguson
Eles não Usam Black-Tie, de Leon Hirszman
Capitão Bandeira Contra o Dr. Moura Brasil, de Antonio Calmon

"Com cerca de 300 títulos que representam o melhor do cinema brasileiro e mundial, o Festival do Rio coloca sempre, para o cinéfilo, a questão crucial – o que ver? O que escolher? São tantas seções – Première Brasil, A Cinemateca É Nossa, Panorama, Expectativa, Itinerários, Clássicos e Cults, etc. Verei tudo o que puder da Première Brasil, mas recomendo alguns títulos essenciais – The Seed of the Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof, era o meu candidato à Palma de Ouro, um filme sobre a revolução das mulheres no Irã; Architecton, você não precisa ser arquiteto para apreciar o documentário de Victor Kossakovski, mas se for o programa é imperdível, a importância do concreto e seu impacto sobre o meio-ambiente, a origem na pedra, uma viagem; Bird, nunca fui muito fã de Andrea Arnold, mas dessa vez ela me apanhou; De Volta a Alexandria aborda um tema tabu no mundo árabe, mas a par de mostrar imagens raras das grandes cidades egípcias, como Cairo e Alexandria, o diretor Tamer Raggli aborda o mundo feminino trans por meio de uma intrigante construção visual que privilegia o rosa, à Barbie, e o verde; Emilia Pérez, de Jacques Audiard, de novo o mundo trans, e aqui misturando musical – canto e dança – com a violência do mundo do narcotráfico; O Cão Preto, de Hu Guan. será o preferido dos cinófilos nessa edição do Festival do Rio, o ex-presidiário que trabalha recolhendo cães vadios às vésperas dos Jogos Olimpicos de 2008 e se liga ao cachorro do título, a história de dois outsiders, dois miscasts na China contemporânea; O Quarto ao Lado, é preciso motivo para querer ver o novo Almodóvar? Ah, sim, ganhou o Leão de Ouro e é seu primeiro filme em língua inglesa, com Tilda Swinton e Julianne Moore; A Vida Vem em Flashes, um doc sobre Humphrey Bogart, narrado em primeira pessoa e que ilumina sua persona, os grandes diretores, os casamentos. Finalmente, o cinema brasileiro de arquivo. Eles não Usam Black-Tie, de Leon Hirszman, obrigatório para quem nunca viu Fernanda Montenegro e Gianfrancesco Guarnieri catando feijão, na inesquecível cena final; e Capitão Bandeira Contra o Dr. Moura Brasil, esse eu vi muito jovem, no lançamento, há 53 anos.  A ação, o cinemascope e a persona única de Antônio Calmon, que está lançando biografia. Cinema, televisão, amores e Claudio Marzo, Norma Bengell, Sonia Braga, Paulo César Pereio, todos jovens e belos. Bora!"

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