Cine Encontro: Conversa com Marcus Faustini sobre Vende-se esta moto A importância de se mostrar novos personagens e outros lados do Rio de Janeiro no cinema.
Fotos: Francisco Ferraz
A sessão do debate do filme “Vende-se esta moto” contou com cerca de 40 pessoas, e se iniciou com a apresentação do produtor Carlos Vinicius e do diretor Marcus Faustini. O diretor começou comentando sobre a importância da parceria com o produtor, e como ele foi uma peça fundamental para a realização do filme, que não teve patrocínio e contou com um orçamento baixo, de 80 mil reais.
Faustini também revelou como surgiu a ideia original do roteiro, que é de sua autoria, que se deu início através da sua coluna no jornal O Globo. A ideia de trazer a cidade como um dos personagens principais, além de sair da zona de conforto da grande massa dos filmes realizados no Rio. Mostrar outros lados da cidade, a importância do afeto dos moradores da periferia com a cidade, e com momentos específicos com a Lapa, como os poetas interagem com os frequentadores dos bares da região.
O produtor retrata a importância do debate para o filme, que com o relato dos espectadores vai ganhando novas formas, novos sentidos e assim tomando novas proporções, que nem eles imaginavam. Os espectadores perguntaram qual é a maior dificuldade de fazer um filme de baixo orçamento.
Cavi (Carlos Eduardo), respondeu que a maior questão é como afeta o tempo de produção, que com um orçamento maior se tem mais tempo para fazer o filme, já com um filme de baixo orçamento, o tempo se reduz, no caso do “Vende-se esta moto” eles fizeram em 13 dias. Porém a importância e a vontade de fazer cinema é muito maior do que esperar editais que ainda são bem escassos. O produtor também ressalva que os avanços da tecnologia também ajudam em projetos de baixo orçamento.
A plateia perguntou sobre a personagem Lidiane, de ser uma personagem feminista e fazer um tipo de manifesto contra tudo o que é recomendável para mulheres grávidas. O diretor responde da personagem ser enigmática, mais não é uma personagem feminista, são questões dela, de conhecimento e reconhecimento do que ela está vivendo.
Faustini comenta sobre as escolhas dos planos do filme, como as tomadas feitas de cima são o narrador, que é uma mistura de Anjo da Morte, Exu e Madame Satã, por mais que o personagem não seja uma referência direta, ele tem uma proximidade com a persona Madame Satã.
O final do debate se deu com os espectadores relatando como o filme é importante pra mostrar outros personagens, como existem tantos outros Rios e como a narrativa poética se encaixa com a história e com a periferia. A surpresa da história mostrada no filme, e como essa história pode ser história de qualquer um.
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