Contatos espirituais de primeiro grau A diretora Rebecca Zlotowski vai estar presente na estreia de Planetarium, no NET Botafogo 1 às 21h
FESTIVAL DO RIO - ENTREVISTA
A cineasta francesa Rebecca Zlotowski veio ao Festival do Rio 2016 especialmente para lançar seu novo filme Planetarium, no NET Botafogo 1, às 21h. O enredo se passa na Paris da década de 1930, às vésperas da Segunda Guerra Mundial e envolve duas americanas, jovens espíritas, especialistas em comunicação com os mortos. Fascinado pelo dom das duas garotas, um poderoso produtor do cinema francês decide contratá-las para um projeto ambicioso. No turbilhão das novas experiências e sentimentos, o grupo prenuncia, sem se dar conta, um período sombrio que abalará todo o continente europeu muito em breve. As duas americanas são interpretadas por Natalie Portman e Lily Rose Depp, filha de Vanessa Paradis e Johnny Depp. O filme passou pelos festivais de Veneza e Toronto em 2016. Antes da estreia no Rio, Rebecca, que tem em seu currículo dois filmes muito elogiados _ Belle Epine (2011) e Grand Central (2013) _ deu esta entrevista sobre seu filme.
Apesar de o filme se passar na década de 1930, o contexto é bem atual. Essa relação entre os dois períodos foi proposital?
De uma certa forma, sim. Quando criei essa história pensei na relação entre os momentos de extremismo da época em que o filme se passa com os dias atuais, mas não estava pensando exatamente em aspectos econômicos. É claro que há um limite na comparação entre as duas épocas, entre as saídas da Europa naquele período e as de hoje. Mas as ideias de que somos iguais e as saídas para o extremismo ou para o populismo que se vê na atualidade, ou os perigos ao nosso entorno, estão conectados com a década em que o filme se passa.
Os trabalhos de figurino, direção de arte e fotografia também são um dos grandes destaques do filme. Foi muito trabalhoso?
Eu amo detalhes. E existem dois tipos de diretores. Os que criam no caos, e isso é parte de seus trabalhos e de seus talentos, e eu não consigo criar assim. Gosto de organizar exatamente como eu imagino que o enquadramento tem que ser. Não que eu seja obsessiva, mas gosto de construir organizadamente cada enquadramento. E é por isso que o trabalho de figurino e arte são tão importantes. Gosto de pensar no modelo, na cor, como o quadro vai ser filmado. Toda essa pesquisa e ter todo esse trabalho me dá prazer.
Mas não é só por beleza que fazemos toda essa pesquisa e tentamos construir todo esse visual. No caso de Planetarium tudo faz parte da história.
Teve alguma motivação especial para convidar a Natalie Portman e a Lily Rose Depp para o filme? Como foi trabalhar com elas?
Fazia todo o sentido para o filme ter atrizes que, para mim, eram estrangeiras. Então como as personagens eram duas garotas americanas que supostamente viam fantasmas, havia essa possibilidade. E assim eu tive a chance de poder trabalhar com a Natalie Portman. Achei ótimo. Eu teria a melhor atriz para o papel. Então ela foi me encontrar em Paris. Naquele momento não tive dúvidas de que era a atriz certa para a personagem. E ela foi incrível. Uma atriz que aos 15 anos já era mundialmente conhecida, tinha tudo para não ser simples. Mas Natalie é muito simples. E foi prazeroso trabalhar com ela. O mais importante para mim foi ela querer muito fazer o filme. Havia algumas diferenças entre a forma de fazer cinema nos Estados Unidos e na França, e havia também um pouco da questão das diferenças de língua entre inglês e francês, mas todo o processo de trabalho muito interessante.
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