Publicado em 02/10/2014

Na quarta-feira, primeiro de outubro, no Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF) foi debatido o longa-metragem de Michel Melamed, Seewatchlook – O que você vê quando olha o que enxerga?, documentário que explora as fronteiras entre a realidade e a ficção.

A mesa de debate foi mediada por Sérgio Mota, professor de Comunicação Social da PUC-Rio, e teve como convidados o diretor Michel Melamed, a editora Nina Galanternick e os produtores Bianca De Felippes e Gabriel Bortolini.

O documentário é uma extensão da série de televisão com o mesmo nome que foi exibida pelo Canal Brasil: trata-se de uma remontagem dos dez episódios. Tudo começou quando Melamed foi a Nova York para mais uma de suas viagens de pesquisa, mas, dessa vez, decidiu fazer uma peça teatral na cidade, mesmo sem recursos em mãos. Os conflitos e relatos gerados pelo desafio são documentados pelo diretor, que estava não só em busca de seu sonho, mas coletando esse material.

Sérgio Mota deu início ao debate comparando Seewatchlook ao filme Moscou, de Eduardo Coutinho, por conta das variadas camadas que os diretores exploram entre o real e o fictício. Não se sabe o que é encenado e o que realmente ocorreu. “Mas nada disso importa”, acrescentou.

Bianca De Felippe comentou que a grande questão do público é desvendar o sentido das cenas que Melamed cria. O fato é que não existe uma verdade absoluta, cada um vê do seu modo, afirmou a produtora. As várias dimensões dependem de quem está se relacionando com a imagem, esclareceu ela. Gabriel Bortolini acrescentou que os diferentes olhares permitem criar uma diversidade de obras, desdobramentos de uma só.

O diretor elogiou toda a equipe, especialmente a editora, Nina Galanternick. Ela contou sobre o desafio da escolha das imagens, que são propositalmente desconexas para atingir o efeito que Melamed queria. Ao mesmo tempo, o filme não podia perder a linearidade. A editora ainda relembrou o cuidado para que todo o material não se tornasse apenas um making of de uma peça teatral.

Melamed afirmou que o filme tem vários focos, mas o principal deles é a desconstrução, palavra que repetiu durante toda a conversa para justificar sua obra. “O objetivo é desestabilizar o olhar para cada um ter sua própria visão”, concluiu o diretor.

Seewatchlook rendeu risadas do público, que se encantou com a obra de Melamed.

Texto: Juliana Rosa

Fotos: Giulia Accorsi




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