Cine Encontro: Em nome da América envolve culturas dentro de um mesmo período O documentário contrasta a vida política norte-americana e as motivações de voluntários
Foto: Brenda Vianna
No Cine Encontro deste sábado (7/10), o debate foi sobre o documentário Em nome da América, dirigido por Fernando Weller, pesquisador e roteirista. É uma documentação histórica que aborda, por meio de arquivos norte-americanos, a política externa dos Estados Unidos e a motivação de voluntários em atuar em países, como o Brasil.
A mesa foi composta por dois participantes, um deles o próprio diretor, e o mediador Marcos Fico, professor de história da UFRJ. Inicialmente, Fico elogiou a produção de Weller. “Gosto muito quando os documentários trazem informação ou uma expressão estética e emocional interessante, realizado como no cinema americano. Em vários momentos, o nosso Fernando conseguiu isso”.
Em seguida, o professor comenta sobre a assessoria de Kennedy em relação a política exterior do país. “Tem a ver com uma certa ingenuidade de alguns assessores de Kennedy. Nessa época, tem uma loucura ideológica, mas tem, também, uma vinculação com a assessoria acadêmica e universitária que tinha lá suas ilusões”.
Quanto aos voluntários, Fernando Weller disse “O que significava a presença deles ali (no Brasil e no mundo) que não é, simplesmente, o fato deles terem uma alternativa sobre a Guerra do Vietnã. Um dos questionamentos que não deixei de fazer para eles, inclusive é: ‘o que é que eles deixaram de fazer nos Estados Unidos para estarem no Brasil?’”.
Uma das hipóteses sugeridas pelo público seria a influência religiosa. A questão tratada seria sobre a católica e a protestante. Acrescenta que não obteve nenhum relato protestante, mas o papel da Igreja serviria de assunto, inclusive, para uma segunda produção. Conta como chegou ao tema do documentário, que surgiu por conta de uma pesquisa no sertão nordestino. “Eu tinha ouvido falar de uma cidade chamada Afogado da Ingazeira, e em uma história que o Steven Spielberg teria vivido clandestino nos anos 60. Comecei a entrevistar as pessoas desse lugar para começar a entender quem era esse Steven e percebi que, na verdade, havia vários Stevens que moraram lá, então, cada americano que era lembrado, se chamava Steven”.
Além disso, conta que o filme só foi possível devido aos acervos americanos, pois os arquivos brasileiros, muitas vezes careciam de informação em boas condições. “Jamais faria sem a ajuda da pesquisa de acervos americanos, o que, no Brasil, possui pouco acesso”. Cita como exemplo uma imagem colorida de João Goulart, enquanto descia de um avião, filmada pela marinha americana.
Para concluir Weller conta que é extremamente importante a persistência na produção de um documentário e a necessidade de possuir uma perspectiva de conclusão a longo prazo. Marcos Fico menciona a contribuição que um filme oferece aos historiadores. “Quando o filme, como o do Fernando, traz um personagem absolutamente tenso e ameaçador, essa contribuição é muito mais efetiva do que os milhões de documentos que a gente pode colocar em um livro de história”.
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