Publicado em 07/10/2017

Texto: Maria Cabeços
Foto: Brenda Vianna

O filme "As boas maneiras" foi pauta no debate do Cine Encontro neste sábado. Contou com a presença de nove participantes da produção, como Marco Dutra, Sara Silveira, Marjorie Estiano, Guilherme e Gustavo Garbato, Rui Poças, Bernardo Uzeda, Caetano Gotardo e Juliana Rojas. O longa-metragem conta a história da personagem Clara que é contratada para ser babá do filho de Ana, porém, ao chegar a noite de lua cheia, a vida de ambas muda drasticamente. 

O mediador, Mario Abbade, ao questionar como surgiu a ideia da história, Gustavo Garbato, conta que tudo começou devido a um sonho que teve há alguns anos. “A gente teve essa conversa de um sonho que era uma imagem de duas mulheres criando uma criança estranha.  Eu contei isso pra Ju, depois eu esqueci esse sonho, mas a Ju não esqueceu. E desde o início essa imagem meio que gerou o que virou a história do filme”, disse Guilherme. Se passa na cidade de São Paulo de fantasia. A gente a estilizou, porque para nós isso (a história) é uma fábula. É muito importante falar sobre o contraste geográfico e que é também um contraste social e racial”, acrescenta a diretora Juliana Rojas.

A atriz Marjorie Estiano revela como foi a adaptação para a protagonista, “Acho que uma das coisas que mais me atraiu nesse projeto era exercitar esse fantástico com esse material lúdico de seguir uma outra lógica. Acho que esse foi o meu maior exercício para essa personagem. Para mim ela era uma mulher comum que estava contida dentro de uma classe social cheia de regras e que, de alguma maneira, ela não quer viver dentro daquele universo, o que escapa através dessa gravidez. Aí entra todo o caminho fantástico”. 

Além disso, revela que sua construção seguiu um caminho experimental e livre para fazer suas próprias escolhas. Esse caminho lúdico apresentado em diversos artifícios do longa, como a fotografia e a sonorização, o que não deixou de ser um desafio. Rui Poças, diretor de fotografia, contou que a história é visualmente dividida em duas partes, o que reflete essa contradição social que ao mesmo tempo estão próximas, porém diferentes. “ O filme é uma espécie de fábula gótica, mas tem inspiração, obviamente, nos filmes da Disney e, nesse tipo de gênero, ele saiu um pouco mais estilizado e muito mais significante”.

Quanto à música, Guilherme Garbato procurou manter uma melodia simples, porém sem permanecer no óbvio. “Tem esse universo da fábula que está muito presente na trilha e um pouco desse universo infantil também, ou seja, essas melodias simples são extraídas um pouco daquela caixinha de música”. Bernardo Uzeda, designer de som, exemplificou um dos obstáculos sonoros: “São situações completamente exóticas, como um bebê/criatura sendo asfixiado pelo cordão umbilical, então, como fazer o som disso? Não pode ser muito humano,
mas, ao mesmo tempo tem que deixar alguma afeição, então, foram muitas experimentações de sons com a minha própria voz até chegar em uma coisa que fizesse sentido". 

Por fim, divulgaram como foi o processo de preparação psicológica para os atores mirins, com a utilização de outros contos para explicar a história de modo que não os aterrorizassem. “A gente nunca mostrou o roteiro”, disse Rojas que obtiveram a ajuda de um preparador de elenco, Marcio Miguel, “O cuidado de não fazer a criança misturar o próprio sentimento com o  do personagem. É um trabalho de explicar para a criança, de conversar e tratar a criança como um igual para que ela entenda a emoção da cena, mas também de consciência corporal, como representar essa emoção sem desgastar psicologicamente a criança”. Com isso, afirma que foi, na verdade, um trabalho tranquilo.




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