Publicado em 12/10/2017

Texto: Maria Cabeços

Fotos: Brenda Vianna

A ficção Animal Cordial foi pauta do Cine Encontro desta quarta-feira (11/10), mediado pelo curador da Cinemateca do Museu de Artes Moderna (MAM). O debate contou com a participação da diretora Gabriela Amaral, Rodrigo Teixeira, Ana Kormansky, Luciana Paes, Jidu Pinheiro, Rafael Cavalcanti e Luana Demange. Trata-se de um restaurante de classe média, que é invadido por dois ladrões.

A princípio, a diretora discursou sobre a discriminação feminina na direção de filmes de terror. “Eu notei que, por um lado, nas exibições do filme, há 3 adjetivos: que o filme é sangrento, violento e pesado. São adjetivos que sempre são atribuídos e quando me conhecem falam "Nossa, você não tem cara de quem dirige esse filme", ou "Você dirige como um homem", ou "Você se mexe em um gênero que não é comum de uma mulher". 

"Então, acho que é meu dever dizer que o artista tem essa possibilidade de transitar, onde quer que queira. Não é raro as mulheres estarem distantes de um filme de terror, porque envolve ações físicas. É como se a mulher não pudesse tratar desse assunto. Então, como sempre, convenciona-se em colocar as mulheres em lugares contidos e restritos. Há muitas mulheres nas quais me inspiram na história do terror e a gente está entrando, agora, no cinema que é uma máquina do poder e dinheiro cada vez mais como narradores e donas das nossas histórias, então, lidem com isso".

​Segundo Amaral, todo o processo de filmagem aconteceu em 18 dias e o que facilitou foi a possibilidade de filmar em sequência. "Filmar na sequência, tornou possível fazer em tão pouco tempo. No cinema, geralmente, a gente filma tudo desmembrado e depois monta.  Nesse filme, a gente teve o luxo e a sorte de seguir cronologicamente". Também citou que a dualidade do feminino e masculino foi representada em vários aspectos na produção, “Tem toda uma linguagem de mise-en-scène que lida basicamente com o feminino e o masculino, então, acho que essa foi a chave para as escolhas de movimentação em contraste e de sempre colocar esses personagens em oposição ao espaço”.

A atriz, Luciana Paes, reforçou isso ao dizer que isso facilitou no desempenho do papel. “Você sempre tem que ficar se lembrando sobre o que estava vivendo. Nesse, foi, simplesmente, um ritual. Isso deixa uma sensação de que a gente passou por isso [pela cena]. Para mim, não foi um job. Foi muito além de um trabalho”.

Por fim, Rodrigo Teixeira disse sua opinião inicial sobre o projeto, “Eu achei o projeto sólido e forte o suficiente e de uma erupção criativa que eu nunca vi”. Enquanto Rafael Cavalcanti contou sobre como extraiu o medo através de contos infantis. “Quem trouxe essa energia violenta, sanguinolenta e perigosa, no primeiro contato, foi o entusiasmo da Gabriela, e aí, depois nos ensaios, a gente foi aprofundando. A gente foi para um lugar muito lúdico também, então, a gente brincava com uns contos infantis pra ir nesse medo da infância”.




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