Anna e os processos de opressão Heitor Dhalia debate seu novo filme com Susana Schild, no Festival do Rio.
Para Heitor, apesar do filme desenvolver-se num processo de montagem para teatro, a situação retratada poderia ocorrer em qualquer outra área (como num set de cinema). A pauta é voltada, principalmente, às discussões de gênero e às relações de poder na busca pela excelência, rondando questões como a existência de limites dentro do fazer criativo. Nara, também atriz de teatro, falou da visão shakespeariana em Hamlet, do teatro como espelho da natureza, justificando o fato do filme passar-se nessa área.
Trata-se do primeiro trabalho de Bela (que vive a protagonista) e de Isamara. Diferente das relações estabelecidas entre diretor e elenco no longa de ficção, ambas optaram por continuar no caminho da atuação após o processo do filme – que, segundo elas, foi de amor e aprendizado em conjunto. Na visão de Túlio, além do longa relatar relações de poder, aborda a fragilidade masculina ao mostrar um diretor que projeta no corpo da mulher um processo criativo, como algo a ser descoberto, devorado. A mediadora Susana concordou, adicionando a insegurança do personagem, obsessivo pela genialidade.
Da plateia, surgiu uma questão acerca do silêncio dos espectadores de situações de opressão; elenco e equipe concordaram que nem sempre as pessoas sabem como agir, e sentem mesmo medo. Heitor e Nara relatam que um dos desafios do roteiro foi o de não cair em simplificações e que o texto, escrito ao longo de anos, sofreu ressignificações durante os ensaios e nas trocas com os atores. Afirmam a importância de tratar estes tópicos de maneira menos simplista ou maniqueísta, evitando aquilo que Heitor colocou como “o binarismo das redes sociais”.
Por: Marina Martins Foto: Mariana Franco
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