A polifonia cromática de Rodrigo de Souza Leão Debate no CCJF discutiu ontem a obra e a estética do artista Rodrigo de Souza Leão, retratado no documentário Tudo vai ficar da cor que você quiser, de Letícia Simões
Em Tudo vai ficar da cor que você quiser,o autor de Todos os cachorros são azuis, Carbono pautado e Me roubaram uns dias contados é evocado por meio de um excepcional trabalho de montagem. A partir de materiais audiovisuais de arquivo, depoimentos de amigos, familiares e dos trechos da própria obra de Souza Leão, o filme se esforça para imprimir a mesma estética ruidosa, suja e fragmentária que constitui a marca do artista.
Essa afinação estética entre o filme e o trabalho de Souza Leão, com todos os seus diferentes matizes, conforme observou o mediador Sergio Mota, professor de comunicação da PUC, resulta, portanto, de um trabalho de pesquisa apurado por parte da diretora Letícia Simões e do roteirista Ramon Nunes Mello, curador e organizador da obra de Rodrigo de Souza Leão. “Havia uma preocupação de que o documentário tivesse a cara do Rodrigo”, disse Simões, ao que Sergio Mota completou, ressaltando a originalidade de uma certa “compulsão biográfica”, caleidoscópica, realizada pelo filme, como se Souza Leão desempenhasse diversos personagens a um só tempo.
A ideia de um filme como um fanzine é, portanto, posta em prática em Tudo vai ficar da cor que você quiser, com uso de colagens, sobreposição de vozes, polifonias e profusão de cores; um trabalho gráfico que copia com cuidado e uma tensa suavidade a própria estética particular de Souza Leão, celebrando-a, e que, em última instância, responde favoravelmente ao desejo expresso, porém hesitante, do próprio autor, de que houvesse, sim, vida em sua obra.
Texto: Rita Isadora Pessoa
Fotos: Giulia Accorsi
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