Publicado em 01/10/2014

Na terça-feira, dia 30 de setembro, no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), foi debatido o primeiro longa de Ricardo Calvet, Ídolo. A mesa foi mediada por Sérgio Mota, professor de Comunicação Social da PUC-Rio, e contou com a presença do produtor Ricardo Macedo e de Thiago Alvim, narrador do documentário.

O filme apresenta a trajetória do bicampeão mundial de futebol Nilton Santos, ou, como era conhecido, a Enciclopédia do Futebol. O longa tem como narrador Thiago Alvim, botafoguense fanático e amigo de Santos, que, em uma manhã de domingo, visita o jogador na clínica onde estava internando desde 2007 para levá-lo ao encontro de sua mulher, Célia.

O longa contou com um extenso material de filmagens e imagens das quatro Copas do Mundo de que Santos participou. Além disso, também dispôs de um acervo com entrevistas inéditas e depoimentos de personalidades do futebol, como Zico, Djalma Santos, Junior, Amarildo, Zagallo, Just Fontaine, Carlos Alberto Torres e Luiz Mendes.

Mota começou o debate ressaltando as diferentes camadas de narração que o filme apresenta, característica incomum em documentários de futebol. Uma delas seria a narrativa bibliográfica, utilizando jornais antigos e depoimentos de jogadores, criando o perfil do grande jogador. Outra seria através das imagens de Santos com a esposa ou no trabalho com crianças carentes que ele realizava, ajudando a humanizar o ídolo. E uma última vertente é a narrativa criada através da viagem feita por Santos e Alvim, que, mesmo marcada pela condição debilitada do ex-jogador, foge aos sentimentalismos forçados.

Macedo explicou que, desde a idealização do documentário, sempre teve em mente que não queria um filme depressivo. Por mais que mostrasse a realidade triste dos últimos dias de Santos, o documentário teria que deixar na cabeça do espectador uma admiração por Santos, e de forma alguma pena. Além disso, o produtor contou também que tinha em mente sair do formato padrão de documentário.

A forma com que o longa desconstrói o ídolo sem tirar dele a condição de herói foi mencionada por Mota. Ele ressaltou também que a presença de Alvim no filme é um dos fatores de fácil identificação para o espectador. O papel que ele faz é o que todo espectador fã de Santos ou de futebol também faria. Alvim contou que não havia roteiro, tudo era coordenado na hora da filmagem.

Segundo Macedo, seu único arrependimento é que, infelizmente, nem Santos nem Célia chegaram a ver o filme pronto.

O debate se encerrou com o depoimento emocionado de um torcedor botafoguense presente na plateia, fã de Garrincha e do eterno ídolo, Nilton Santos.

Texto: Julia Asenjo

Foto: Luiza Andrade




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