Publicado em 08/10/2016

Os primeiros acordes de “Como nossos pais” tocam. “Não quero lhe falar meu grande amor / Das coisas que aprendi nos discos/ Quero lhe contar como eu vivi / E tudo o que aconteceu comigo”. Em close, a atriz Andréa Horta aparece em contraluz segurando o microfone. A voz de Elis Regina ressoa. A figura feminina brilha, recortada pela iluminação de por um holofote ao fundo. Através da expressão corporal, gestos e intensidade, vemos a protagonista se transmutar na maior cantora brasileira de todos os tempos.

“Viver é melhor que sonhar / E eu sei que o amor é uma coisa boa / Mas também sei que qualquer canto / É menor do que a vida / De qualquer pessoa”. A cena, de tirar o fôlego, é o início da cinebiografia “Elis”, que teve sua estréia na noite de 7 de setembro no Cinema Odeon.

A sessão de gala foi apresentada por Ilda Santiago, diretora do Festival do Rio. “É um prazer receber vocês aqui nesta noite, no primeiro dia do festival, e fazer a primeira gala da Mostra Hors Concours com um filme como Elis. Eu queria chamar para apresentar o filme e trazer o elenco para o palco – um elenco magistral, maravilhoso, que entrega tudo que a gente quer saber, tudo que a gente quer reviver – o produtor Fabio Zavala e o diretor Hugo Prata”.

Antes de começar seu discurso, Prata chama todo o elenco e equipe do filme, que marca sua estreia em longa-metragem de ficção. “Eu gostaria de agradecer este convite, é uma honra estar aqui no Rio de Janeiro, uma cidade que faz parte do nosso filme e faz parte dessa história. Gostaria de agradecer em primeiro lugar ao Rômulo Marinho que começou este filme comigo, foi ele quem visualizou isso tudo e não pôde estar com a gente hoje, mas reitero minha gratidão”.

“Ao Bruno Wainer, da Downtown Filmes; à Academia de Filmes, nossa coprodutora; a Globo Filmes, Edson Pimental e Cacá Diegues, acreditaram no filme. O Cacá com a sua sapiência nos auxiliou muito; Ancine; e ao Filme Setorial”.

Entre os presentes à sessão estavam: Julio Andrade, que interpreta o performer Lennie Dale; Isabel Wilker (que interpreta Nara Leão); Lúcio Mauro Filho que vive um hilário Mieli; Ícaro Silva (Jair Rodrigues); Bruce Gomlevsky (Henfil); Alex Teix, que interpreta Armando Pittigliani; e Andréa Horta, imperdível no papel de Elis. Segundo o diretor, desde cedo a atriz mostrou uma compreensão muito grande e profunda da personagem, com muita força dramática, dedicação e paixão pelo ofício de atriz e pela cantora.

“Foi uma grande alegria e uma honra ter recebido essa convocação extraordinária do Olimpo para interpretar essa artista brasileira que tem uma obra colossal, que é Elis Regina. Uma grande artista não morre, passa a viver na memória da gente. E uma cantora muito lúcida e comprometida com a situação do artista do Brasil. Então eu lamento que o discurso do filme ainda seja atual. E eu acho que ela precisa continuar sendo ouvida. Por isso dizer esse discurso hoje me honra muitíssimo”, afirmou a atriz, sendo ovacionada.

Em ritmo energético e pulsante, o longa-metragem conta a história de Elis Regina, desde sua chegada ao Rio de Janeiro, com 19 anos, seu sucesso fulminante, seus amores, família, conflitos com a ditadura militar e o público, até sua morte trágica e precoce. Através de uma grande personagem, vemos também um recorte importante da história da música popular brasileira, e do país. Imperdível.




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