A estreia de um veterano no Cine Encontro Com vinte e cinco anos de experiência na televisão, José Luiz Villamarim exibe seu primeiro longa-metragem, Redemoinho, na Première Brasil
Merten iniciou a conversa derramando-se em elogios ao filme, baseado na obra literária de Luiz Rufatto O mundo inimigo – Inferno provisório vol. II, e revelando que a ideia inicial dos realizadores era adaptar outro trabalho do escritor. Villamarim contou que, ao ser contactado, o próprio Rufatto sugeriu a troca para o segundo volume da trilogia Inferno provisório. Sobre o processo de adaptação, o roteirista George Moura explicou que a estrutura do material original o obrigou a fazer diversas alterações, num trabalho que se deu em dois movimentos, primeiro mergulhando e apaixonando-se pela obra, depois se distanciando e se libertando dela.
A fotografia do filme, assinada por Walter Carvalho, dominou a conversa a seguir, com Carvalho explicando a importância dos enquadramentos, dos movimentos de câmera e do foco − muitas vezes impostos pelas vigas, colunas e amarras em geral da arquitetura dos cenários − na tarefa de guiar a tensão do filme, de puxar, empurrar e aprisionar seus personagens com crescente intensidade. Villamarim acrescentou que seu desejo era conter toda a ação de cada cena em um único plano, e o montador Quito Ribeiro completou, explicando que a grande característica de sua “montagem invisível” foi o respeito e a fidelidade ao rigor do material filmado. Em seguida, os atores Julio Andrade e Démick Lopes discorreram sobre seus métodos de atuação. Andrade teceu calorosos elogios à equipe, explicando que gosta de trabalhar “junto da galera”, com gente próxima para ver, torcer e participar. E acrescentou que, apesar das diferenças entre o seu processo e o método mais imersivo de Irandhir Santos, com quem divide o protagonismo do filme, a química com o colega foi agradável e certeira. “O Irandhir é um gênio!”, declarou. Já Lopes, responsável por dar vida ao enlouquecido e alienado Zunga, contou que, ao visitar Cataguases, onde se passa a obra, pôde ver vários Zungas pelas ruas, e que a observação desses homens o ajudou a compor seu personagem. Moura acrescentou que o verdadeiro Zunga, que chegou a conhecer na vida real, é muito diferente daquele que o filme mostra, tendo ganhado diversas novas camadas ao longo do processo de realização de Redemoinho.A produtora Vania Catani, por sua vez, falou sobre sua paixão por investir em filmes autorais de diretores estreantes, e trazer novidade e frescor ao cinema nacional. E afirmou que, apesar da longa trajetória na televisão, Villamarim também é um desses novos diretores. Bem humorada, ela brincou: “A partir de agora, eu sempre vou poder dizer que a primeira vez do Zé foi comigo”.
Texto: Clara Ferrer
Fotos: Pedro Ramalho
Voltar