A ESPERANÇA NOS ENCONTROS ACESA POR "MASAR - CAMINHOS À MESA" E "CAFI" Direções em dupla e sonhos coletivos de uma vida melhor
Na quarta-feira, 15/12, o primeiro debate da Première Brasil juntou no palco do Estação NET Botafogo a mediadora Denise Lopes e duas duplas de diretores: Lírio Ferreira e Natara Ney, do longa-metragem Cafi; Amina Nogueira e Ana Sanz, do curta Masar - Caminhos à mesa.
Ana começa contando que esse é o primeiro curta da dupla e a ideia surgiu numa disciplina da UFF por volta de 2017, quando a questão dos refugiados era uma novidade bastante comentada. Os rituais em torno da mesa são um tema de interesse das duas e Amina afirma que colocar o encontro dos três refugiados - de nacionalidades distintas - na tela é olhar para outras formações de mundo, no que ela nota uma aproximação do filme com Cafi, considerando que o artista e seus amigos também carregam esse ímpeto de organização insubmissa ao capital.
Natara Ney conta que a ideia do longa surgiu de amigos, com amigos e para amigos. Ela destaca o desejo por uma construção narrativa que percorresse os caminhos geracionais de Cafi e da música brasileira, pensando sobre a fotografia solitária e ao mesmo tempo coletiva que só se realiza no olhar do outro, como o próprio cinema. Segundo a diretora, o plano sempre foi apresentar uma narrativa cíclica, sem apego a cronologias e carregada de afeto, com muita atenção à música, especialmente. "É um filme feito de elos, não de sequências. Cada pessoa faz uma ponte natural e fluida para outra", completa a cineasta.
Lírio ressalta o quanto valoriza a travessia do processo de produção documental, de não saber exatamente onde vai dar, aberto ao acaso. Correr riscos e sair da zona de conforto o estimulam e sua sensação é a de que o espectador termina o filme com a presença de Cafi, vivo em cada um, como o aclamado multiartista imaginava. Fotógrafo de capas antológicas da música nacional e artista plástico, o homenageado faleceu no início de 2019 e chegou a ver o longa-metragem pronto, mas não finalizado, afirmam os realizadores.
Ana avalia que os dois filmes compartilham a importância do sonho para a construção do Brasil que está por vir ou foi no passado e diz que saiu da sessão dupla com esperança e cheia de energia, ao passo que Natara enxerga que Cafi e Masar provocam muitas coisas, entre elas encontros, desejos e a importância dos registros.
Texto: Taiani MendesFoto: Frederico Arruda
O Festival do Rio tem o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da RioFilme, órgão que integra a Secretaria de Governo e Integridade Pública.
Voltar