Publicado em 06/10/2014

Ontem, 5 de outubro, aconteceu o último debate da mostra Novos Rumos no Cine Encontro no CCJF. O filme debatido foi Permanência, de Leonardo Lacca. A mesa foi mediada por Sergio Mota, professor de Comunicação Social da PUC-Rio, e contou com a presença de grande parte da equipe. O longa conta a história de Ivo, fotógrafo pernambucano que viaja a São Paulo para sua primeira exposição e se hospeda na casa de uma ex-namorada, Rita.

Mota iniciou o debate falando da qualidade do cinema pernambucano, levantando exemplos como O som ao redor e Tatuagem. Segundo Lacca, isso é resultado do investimento em audiovisual pela Funcultura. O diretor colocou também, que, pelo fato de o longa não ter elementos característicos de Pernambuco, talvez encontrasse dificuldades para seu financiamento há alguns anos.

Lacca ressaltou a importância de sua equipe para a realização do longa. Para ele, a equipe deve ser escolhida levando em consideração não só a questão técnica, já que a relação entre os membros pode influenciar drasticamente o filme. No seu caso, colocou que a comunicação fluía bem e havia uma relação de amizade entre todos.

A delicadeza do filme foi destacada por Mota, que ressaltou o modo como certos regionalismos estão presentes de forma sutil, como no vocabulário de Ivo, por exemplo. Além disso, colocou que o título Permanência se encaixa perfeitamente na narrativa e dialoga a um só tempo com a fotografia e a relação entre os personagens.

Rita Carelli, atriz do filme, se disse muito emocionada com o resultado do longa. Ela contou que, ao assistir à obra uma segunda vez, pôde perceber detalhes sutis que antes não via, como toques de humor. Para Carelli: “Quando vemos o filme pela primeira vez, vemos o que fizemos, focamos no trabalho, nas cenas que não entraram, nas atuações improvisadas”.

O ator Silvio Restiffe, que interpreta Mauro, marido de Rita no longa, frisou que a relação da equipe ajudou a tornar o filme possível. Ele contou não ter observado hierarquias: cada um desempenhou sua função específica, sem uma relação de competição entre elas. Restiffe declarou também que a interpretação, por mais que seguisse o roteiro, manteve-se aberta a improvisos.

Tanto Carelli quanto Laila Pás, também atriz do filme, ressaltaram o diálogo ator-diretor e apontaram Lacca como um ótimo diretor de atores. Carelli colocou ainda que o realizador “escreve coisas que cabem na boca”. Pás contou que, mesmo sendo sua primeira experiência no cinema, se sentiu bem à vontade e adorou o desafio que dar vida à sua personagem apresentou.

A plateia elogiou a elegância do filme e o perfeito casamento entre São Paulo e Pernambuco, mesmo que sutil. Além disso, os espectadores reforçaram a qualidade do cinema pernambucano, incluindo Permanência como uma dessas ótimas produções.

Texto: Julia Asenjo

Fotos: Giulia Accorsi




Voltar