Publicado em 06/10/2024

Lucy Barreto no Estação NET Rio para a sessão do filme O que é isso, companheiro?, que integra a mostra A Cinemateca é Brasileira - Resistências Cinematográficas
Lucy Barreto no Estação NET Rio para a sessão do filme O que é isso, companheiro?, que integra a mostra A Cinemateca é Brasileira - Resistências Cinematográficas — Foto: Fabio Cordeiro

Por Domi Valansi

Quando se trata de cinema brasileiro, “há antes dos Barretos e depois”, como disse a atriz Sônia Braga. Os 60 anos da L.C. Barreto Produções Cinematográficas, cuja história se confunde com a história do cinema no Brasil, foram celebrados com uma exibição especial do filme O Que é Isso, Companheiro?, dentro da mostra A Cinemateca é Brasileira - Resistências Cinematográficas. A sessão, realizada sexta-feira (4) no Estação NET Rio, contou com a presença da fundadora Lucy Barreto e de sua filha, Paula Barreto.

Desde julho de 1963, quando foi fundada com o filme Garrincha, Alegria do Povo, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, a produtora já participou de mais de 100 produções e coproduções de curta e longa-metragem, com obras radicalmente políticas e experimentais, ganhadoras de prêmios em diversos festivais no Brasil e no mundo.

“A minha visão disso tudo é de tarefa cumprida. Um trabalho danado, desde a década de 1960. Muito trabalho. E a família toda, uma família do cinema”, afirma Lucy, esposa de Luiz Carlos Barreto, mãe de Bruno, Fábio e Paula, e avó de Júlia Barreto, terceira geração na empresa. Fora dos sets, também são atuantes na formulação de políticas para a produção nacional.

Lucy Barreto e Maria Dora G. Mourão, Diretora Geral da Cinemateca Brasileira - Foto: Fabio Cordeiro
Lucy Barreto e Maria Dora G. Mourão, Diretora Geral da Cinemateca Brasileira - Foto: Fabio Cordeiro

Em setembro, a produtora foi tema da mostra “Isso é Brasil: Cinema According to L.C. Barreto Productions”, no Film at Lincoln Center, em Nova York, com a exibição de 13 títulos restaurados em 4K. “Foram 10 dias de salas cheias. E foi impressionante a quantidade de público jovem, muito interessados e com muitas perguntas”, conta.

Apesar de um histórico com muitos sucessos, a L.C. Barreto também encarou fases difíceis de se produzir no país. “O cinema brasileiro é mais forte do que todo esse quadro político que não entende a importância que o cinema tem. É tão evidente, né? Você vê a cultura americana dominando o mundo e com o que? Consciência e cinema. Aí é que está”.

O Que é Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto
O Que é Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto

Além de duas produções indicadas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro: O Quatrilho (1996), de Fábio Barreto, e O Que é Isso, Companheiro? (1998), de Bruno Barreto, a L.C. também tem no currículo a obra Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto, que durante 34 anos foi o maior sucesso de bilheteria do cinema brasileiro, com 10.735 milhões de espectadores no país e exibição em 80 países.

Nesta longa trajetória de tantos longas realizados, a produtora diz não ter um preferido. “Eu tenho um carinho especial por todos os meus filmes. Cada um tem um sentimento meu, leva um sonho meu. Cada um representa uma fase da minha vida. Então eu não tenho um preferido não.”

Para novembro de 2024, durante o G20, Lucy Barreto promete um anúncio importante sobre a produtora. Outra novidade, é que no segundo semestre de 2025, sua neta Julia Barreto estreia na direção, com o filme As Quengaceiras, estrelado por Dira Paes e Gloria Pires. Com muita garra, a L.C. Barreto segue no cinema nacional, com a nova geração.

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