Publicado em 07/10/2015

No final dos anos 1980, o cenário do cinema independente norte-americano vivia uma de suas fases mais vibrantes. Foi quando surgiu A incrível verdade, o primeiro filme de um jovem cineasta de 30 anos vindo de Lindenhurst, Nova York. Seu nome, Hal Hartley. A obra já mostrava muitas das marcas registradas que viriam a ficar conhecidas por cinéfilos no mundo todo: um humor nervoso, diálogos em ritmo pausado sobre questões filosóficas e sobre o sentido da vida e planos e atuações estilizadas. Nascia ali uma filmografia de alto teor pessoal, que seguiu fiel a si mesma através das décadas, e que revelou ao mundo atores como Edie Falco, Martin Donovan, Thomas Jay Ryan e Parker Posey.

Daí para frente, o mundo teve o deleite de assistir com saborosa frequência a filmes como Confiança (1990), Simples desejo (1992), Amateur (1994), Flerte (1995), As confissões de Henry Fool (1997), O livro da vida (1998), Beatrice e o monstro (2001), The Girl from Monday (2005) e Fay Grim (2006), entre muitos outros, resultando em uma filmografia que desenha com perfeição os cenários e caminhos do cinema independente norte-americano.

Este ano, o Festival do Rio, em parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil, tem o prazer de receber Hal Hartley e ser a casa para uma Lição de Cinema do diretor aberta ao público. Hartley participa ainda de sessões especiais de alguns de seus filmes essenciais, que ajudaram a fincar seu nome na lista de favoritos dos cinéfilos cariocas: Flerte e Simples desejo. O encontro será mediado pelo crítico de cinema Pedro Butcher e acontece na quarta-feira, dia 7, às 15h, no Teatro I do CCBB. “Eu gosto de falar sobre fazer cinema”, nos conta Hartley por sua passagem pelo Pavilhão do Festival. “Vou querer me focar sobre três fases importantes: escrever, levar o que você escreveu para a tela, e editar aquilo que você filmou”, diz, já dando uma palhinha do que podemos esperar do encontro.

O “circuito Hal Hatley” é coroado pela estreia de seu mais novo filme, Ned Rifle, terceira parte de uma trilogia constituída por As confissões de Henry Fool e Fay Grim, que integra a programação da mostra Panorama deste ano. O longa é centrado em Ned, o filho de Henry e Fay, que foram os centros dos dois filmes anteriores. O jovem, do alto de seus 18 anos, planeja deixar o programa de proteção à testemunha do qual participa e matar seu pai. Em outra esfera de sua vida, ele convive com as convicções religiosas de seu pai adotivo, que o encoraja a viver como um cristão exemplar, e com a insistência do tio, que vê nele um enorme potencial para a escrita. Em meio a uma crise de identidade, Ned conhece Susan, uma fanática por batom e literatura, que promete ajudá-lo. Ned Rifle estreou no Festival de Toronto 2014 e foi exibido também em Berlim este ano. Sobre o filme, o diretor conta que sempre soube que queria contar a história clássica de Ned em sua busca por matar seu pai, sendo interrompido – ou salvado – de alguma maneira. “Eu não sabia como fazer isso e só depois de passar três anos pensando nessa ideia foi que cheguei a uma conclusão”, conta.

O cineasta estará na sessão de Ned Rifle na quarta 7, às 21h15 no Estação NET Botafogo 1. Ele ainda apresenta sessões de Flerte (quinta 8, 19h45, no Instituto Moreira Salles) e Simples desejo (sexta 9, 19h15, no CCBB).




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